domingo, 7 de julho de 2013

Razão, Verdade e Vida

Texto produzido em parceria com meu pai.

A razão, seja intuitiva e/ ou discursiva, é condição do conhecimento humano para formular juízos e discernir dentre as alternativas possíveis, aquela (s) que mais convém. Embora a atividade filosófica, desde que se caracterizou como tal, tenha enveredado para o conhecimento especulativo como cosmologia e antropologia, devemos no entanto buscar-lhe a essência naquilo que lhe deu origem e vale como fim.

Quando me deparo com uma ameaça, logo procuro supera-la afastando ou dominando-a eu por um lado e o objeto problemático por outro; eu com as potencialidades que julgo possuir e o objeto com as que dispõe para se me opor.

Enfrentar ou evitar, eis o dilema mais corrente da vida de cujo desenlace desponta sempre benefícios e/ ou malefícios para minha vida. Seja eu um homem primitivo ou contemporâneo, esteja enfrentando um animal ou a um desafio profissional, o zelo pela vida se fará sempre notar na origem e no fim de todas as minhas decisões e atos.

Êxito ou fracasso é o dilema de todo desafio perante o qual lanço mão dos meus juízos antes de agir; juízos de fato para avaliar a (s) possibilidade (s) de êxito e juízos de valor para apreciar os custos do pretendido resultado. Como homem primitivo, ainda que possa vencer o animal ao custo de um possível dano ao meu corpo, a extensão do dano e o seu valor para a minha vida me farão pender por uma decisão menos arriscada. Como homem contemporâneo perante a um desafio profissional altamente promissor mais igualmente arriscado e incerto, o valor da estabilidade e segurança de vida já conquistada ao longo dos anos, me farão contrabalançar os prós e os contras de qualquer decisão a ser tomada.

O animal por sua vez ao se aperceber que não serei uma presa fácil, antes sou um astuto caçador, ainda que impelido pela fome, tenderá a controlar o seu ímpeto animal e desviar-se do caminho, preferindo assim poupar a sua vida. Tratando-se da vida, o animal age também por juízos de valor, na medida, é claro, de seu alcance cognitivo de razão intuitiva que reconhece na vida a origem e o fim de todo valor.
   
Vejo que todos os meus atos desde os intuitivos até os que decorrem da razão discursiva, direto ou indiretamente, imediato ou mediatamente, tem sua origem em alguma coisa anterior  a toda ação e fato, portanto a todo conceito e valor; a vida- a minha vida.
   
Vejo também que para favorecê-la, os meus próprios juízos me servirão para decidir por essa ou aquela opção; juízos que por sua vez dependem dos conhecimentos que tiver acerca dos objetos problemáticos que se me opõe no momento; o que constitui um novo objeto problemático, pois os meus conhecimentos podem não corresponder ao que os objetos são, induzindo-me a erros de avaliação e fracasso. Estabeleço então um juízo de valor para avaliar desta vez os meus próprios juízos e conhecê-los em sua correção antes que deles me sirva para decidir. Assim nascem o conceito de verdadeiro e de verdade. 

O animal acessa intuitivamente a noção de verdade pela correlação eficaz dos fatos com a sua vida e o ser humano ampliando o seu campo cognitivo, logrou através da linguagem simbólica criar conceitos no topo dos quais se encontra o da verdade com a sua inegável correspondência com o da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário