domingo, 7 de julho de 2013

Razão e Verdade

Fragmento de uma foto retratando um pocket trumpet, retirado da Wikipédia
Autor: José-Manuel Benito

Texto produzido em parceria com meu pai.

A cada ação correspondem o impulso afetivo e a direção cognitiva que a vontade lhe dá. Se o objetivo for plenamente alcançado, a resultante satisfação nos induz a nada indagar, mas se isto não for o caso a insatisfação nos faz então a buscar-lhe os motivos.

A força do impulso ser insuficiente é questão de fácil ajuste, mas a direção que é dada a ação, provém de nossos conhecimentos; terão eles alguma falha? Ou serão impróprios para o tipo de ação?  E os questionamentos vão indo até que a necessidade de uma palavra que nos habilite a concatenar os pensamentos em direção da falha ou da solução se faça patente. A esta palavra, assim criada, chamamos verdade, que só faz sentido como atribuição do conhecimento.

Se em tudo lográssemos êxito, a verdade e o conhecimento nada seriam, pois o êxito da ação só dependeria da vontade- existiria a vontade apenas, de agir ou de não-agir, vontade soberana à qual nada resistiria! Porém não é isto que a vida nos ensina, pois o mundo difere da nossa vontade e a ela resiste.  Mais de que força, precisamos de conhecimento- de nós mesmos, do mundo e de nossa relação com o mesmo, para podermos dar as ações o sentido que convém à nossa vontade. Para isto, é que precisamos de conhecimentos, e do conhecimento desses conhecimentos. Este é o uso cognitivo da palavra verdade.

Definimos deste modo a verdade como atributo do conhecimento e a este, como condição de êxito na ação. Mas a juízos, sejam eles de fato ou de valor, correspondem também, os conhecimentos e a estes, o atributo de verdade. Pedimos a pessoa que comente o ocorrido e nos diga a verdade, a qual, tanto o pode fazer narrando o fato em si, como, fazê-lo  agregando ao fato elementos valorativos. Em ambos casos estará dizendo a verdade, verdade de fato e/ou verdade de valor. Numa sessão de julgamento, João está sendo acusado de matar Paulo, fato que ele não nega, pelo que se estabelece assim a verdade de fato da acusação, fato este  que em si, não o condenaria pois a defesa procurará convencer ao júri de sua alegada legitima defesa, transferindo o foco da discussão  da verdade de fato para a verdade de valor.

Quando a verdade que se busca é a de fato, o conhecimento que se obtém corresponde ao fato em si e é objetivo e quando a verdade que se procura saber é a de valor, o conhecimento assim alcançado diz respeito ao que para o sujeito o fato significa e é subjetivo, pois o mesmo fato, ainda que apresente significados afins para muitas pessoas, raramente conterá o mesmo valor para as mesmas. Para todos os efeitos a palavra verdade designa o caráter do conhecimento a que se refere, seja ele de ordem factual ou valorativa e, como tal, é um recurso da linguagem discursiva para a orientação dos pensamentos.

Secundariamente a palavra verdade outras palavras cumprem a mesma função, tais como certo e errado, correto e incorreto, valido e invalido, as quais ajudam-nos igualmente a concatenar os pensamentos. Por fim, reiteramos que não há nada que em si seja a verdade, mas a verdade de um conhecimento, que como tal só o pode ser o conhecimento de algo.



 ***



QUESTÕES:

1.      Segundo o texto, responda, o que é verdade?
2.      A verdade existe em si ou é um atributo do conhecimento?
3.      A que atribuímos o fracasso de uma ação? Ao falso conhecimento ou ao conhecimento ainda que verdadeiro porém insuficiente?
4.      O conhecimento cientifico nos possibilitou a clonagem humana e contra esta prática muita objeção se levantou. A clonagem é uma verdade de fato e à sua prática  corresponde uma verdade de valor. Diga o que você acha do conflito entre essas duas verdades.


Um comentário:

  1. Verdade: Eis a mais extraordinária pergunta presente em todos os tempos e para qual não há palavra que a possa definir - até o sábio Mestre Jesus calou - porque a verdade viva É e está em toda parte. Vida, luz, energia criativa de mundos replicáveis ao infinito em todos os quadrantes e dimensões inimagináveis,demonstram o poder da mais essencial verdade, esse magnífico fractal replicador incrustado no âmago da Semente Original ,alimentada e mantida por seus próprios atributos constituintes de agir em vórtice dinâmico expansivo a cada giro re-creador de si mesmo: Deus.

    Similarmente, se tomamos uma fruta, uma maçã, por exemplo e queremos descobrir sua razão de ser e servir, sua beleza e constituição,sabor,perfume,coloração, seu formato,sua espécie distinta num reino visível,palpável,real ou simbólico, já aí o homem atento tem infinidade de respostas repletas de verdades incontestáveis pela ciência empírica pela sua aparência e utilidade no mundo. Mas se a tomamos como uma réplica de um micro cosmo onde estamos inseridos,percebemos pelo nosso olhar que não nega, estarmos fixados na pele colorida de acordo com sua maturação exposta ao Sol que a alimentou, formou e fez realizar-se na árvore do seu próprio reino. A maçã tal como a Terra é um mundo repleto de vida, de verdades de mistérios maravilhosos ainda ocultos para quem quer espremer a mágica da verdade na vida apenas com as mãos. A verdade e a razão da gente está diante dos olhos, dos nossos narizes que sorvem e se abastecem - de verdade e de fato.Quem vasculhou o interior da Terra, visitou os recônditos mais profundos,arou e semeou ricas lavras, montanhas de cristais de vida ondulantes nas cavidades, nos berçários do fogo vital que de tão ardente perfuram rochas e solos para se mostrarem ativos combustores da vida na superfície? Assim como no centro da maçã há bem desenhada uma estrela - o útero berçário das sementes , assim no coração da Terra está nossa mais bela verdade. Uma verdade que só aos poucos se mostra para a mente e sentidos alinhados na realeza da razão de ser e conhecer sua parcela no existir.

    Bem fez Jesus quando calou! Ele deixou pra gente descobrir o quanto estamos imaturos para adentrar na esfera geradora de respostas, ali onde palavras limitam o sentir e o contemplar feito crianças purificadas da rebeldia ancestral.

    Então, a maçã, a Terra e o homem são vários e o mesmo modo a mostrar o caminho onde repousa latente tudo que precisamos saber para ser e acontecer confiante vida a fora.


    'O fracasso de ação' se impõe na prepotência e no adiamento do autoconhecimento, única e certeira meta do homem.

    O conhecimento científico como toda criança peca pela negação da regência de uma inteligência superior e excluindo a divindade se arma independente em estudos experimentais, brinca de deus sem prever a gravidade e as consequências de seus esforços. Fazem o jogo num tabuleiro de peças recicladas e assim talvez reduzam a espetáculo efêmero o que foi desde o princípio reservado à glória humana.

    A realização da verdade em cada um é a mais extraordinária razão da humanidade!

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