Texto produzido em parceria com meu pai.
Falamos dos sentimentos como instância valorativa da consciência que tanto às sensações como aos pensamentos atribui valores baseados no valor por excelência que é a vida, valores cujos natureza e teor incitam o intelecto a corresponder-lhes cumprindo as suas funções vitais.
O
sentimento move o intelecto a, conforme a importância e urgência que atribui ao
objeto problemático, buscar a solução a lhe ser apresentada por este para que
possa agir; ao sentimento que resulta em ação, no momento da ação, chamamos
emoção, sentimento que como tal, agrega as três instâncias- sensorial, afetiva
e intelectual numa só unidade decisória e motriz.
O
sofrimento é um sentimento e como tal, comunica ao intelecto, sede da razão, o
valor do objeto problemático com relação a vida; na seqüência vem a ansiedade
que afetivamente clama por uma atitude, uma ação, e como que o intelecto
requeresse mais dados, vem a tristeza reforçar-lhe o valor do objeto e na
seqüência vir a aflição como um sentimento ainda mais intenso de clamor por
ação. Por último, temos a angústia que ao não ser atendida pelo intelecto se
desdobra em desespero, instância afetiva onde vale qualquer ação, até porque
neste nível afetivo a sobrecarga emocional é tão intensa e problemática que a
descarga emocional se torna mais vital e necessária que a busca da solução para
o objeto.
Este
dialogo e interação afetiva e intelectual resulta normalmente em ações contra o
objeto problemático. A ansiedade e a aflição, embora por si mesmas não gerem
ações, incitam o intelecto a encontrar a ação necessária, desencadeando por
exemplo emoções como a raiva, para rebater o objeto ou o medo para fugir dele.
Sabemos
também que os sentimentos do mesmo tipo podem ser mais ou menos intensos, contendo
por assim dizer mais ou menos carga afetiva ou energia psíquica, como a queiram
chamar. Esta energia é todavia sempre a mesma para com todos os sentimentos e
emoções. O amor assim como o ódio são ambos movidos pela mesma energia
psíquica, apenas em direções opostas; um para a atração, outro para a repulsão.
A paixão como um sentimento se situa na faixa afetiva do desespero e da
euforia. A atração exacerbada pode por desespero de causa se transformar em
repulsão e ódio. Também é razoável considerar que a própria atividade
intelectual, função vital que é, se dê através dos impulsos que recebe dos
sentimentos. O sofrimento move o intelecto em busca de uma ação efetiva contra
o objeto, a ansiedade intensifica-lhe a busca, a tristeza reforça-lhe a urgência
e assim por diante.
Falamos
também dos sentimentos humanos como inveja, cobiça, vingança e etc. os quais
são criados pelo homem a partir dos sentimentos básicos de atração, interesse e
desejo/ aversão, raiva e medo, para conferir valores afetivos as suas relações
sociais que são imensamente mais ricas e variadas que aquelas que os animais
tem entre si. Compaixão por exemplo, implica em aversão ao objeto do sofrimento
e atração ao sujeito que sofre- é um sentimento composto. Inveja por sua vez é
composto por aversão ao sujeito e atração ao objeto em seu poder. Cobiça já
seria atração ao objeto na posse do sujeito, sem necessária aversão ao mesmo.
A
composição dos sentimentos por outros pode variar infinitamente assim como as
matizes pelas cores básicas, de tal maneira que muitas vezes descobrir-lhes os
componentes não seja tarefa fácil; todavia por mais complexos que sejam, os
poderemos em tese, reduzir aos dois sentimentos/emoções básicos de aversão e
atração. Os sentimentos humanos são produtos da razão discursiva em sua
interpretação dos valores afetivos que esta lhes dá.
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