Texto produzido em parceria com meu pai.
Tanto
os humanos quanto os animais emitem sons vocais para exprimir a dor, a raiva, o
sofrimento e o contentamento. Esses sons são sempre semelhantes e não mudam por
motivos climáticos, geográficos, culturais e históricos.
A estes
sons vocais instintivos, o homem descobre-lhes a função comunicativa e os
explora como tais. A criança quando geme e chora de dor/ fome, descobre que o
seu gemido, além de refletir a dor e o sofrimento, cumpre a função de comunicar
aos outros a assistência que lhe urge ser dada; sendo atendida a contento, a
criança comunica o fim da urgência com a sua risada de contentamento. No grito,
gemido e risada, a razão descobre
funções comunicativas das quais se servirá para elaborar a linguagem.
Embora o choro e o gemido advenham imediatamente da dor/ fome como sensação, ao não ser atendida, a criança continuará a chorar vocalizando o sofrimento que a dor lhe causa. A sensação de dor repercute em sofrimento que é um sentimento e não mais uma sensação. A dor aponta o fato e o sofrimento apresenta o valor do fato- a razão é informada e emite os seus juízos. Assim a razão lança mão destas primeiras vocalizações como signos de comunicação, não mais como simples reações a certos estímulos, mas como artifícios para comunicar intenções e desejos.
A razão descobre também que não é preciso apontar as coisas por imitação de seus sons naturais, até porque as coisas que não emitem sons não seriam comunicáveis. Ela descobre que ao criar um som qualquer e designá-lo a um certo objeto, este som passará, como signo e nome, a representar o dito objeto para efeito de comunicação. A razão constata também que dar nome, somente a objetos/ coisas, não comunica satisfatoriamente e portanto, precisa nomear as ações.
Embora o choro e o gemido advenham imediatamente da dor/ fome como sensação, ao não ser atendida, a criança continuará a chorar vocalizando o sofrimento que a dor lhe causa. A sensação de dor repercute em sofrimento que é um sentimento e não mais uma sensação. A dor aponta o fato e o sofrimento apresenta o valor do fato- a razão é informada e emite os seus juízos. Assim a razão lança mão destas primeiras vocalizações como signos de comunicação, não mais como simples reações a certos estímulos, mas como artifícios para comunicar intenções e desejos.
A razão descobre também que não é preciso apontar as coisas por imitação de seus sons naturais, até porque as coisas que não emitem sons não seriam comunicáveis. Ela descobre que ao criar um som qualquer e designá-lo a um certo objeto, este som passará, como signo e nome, a representar o dito objeto para efeito de comunicação. A razão constata também que dar nome, somente a objetos/ coisas, não comunica satisfatoriamente e portanto, precisa nomear as ações.
Em atendimento as minhas premências, ou seja, em defesa de minha vida, não me basta saber o nome da coisa, mas também a ação que dela me pode advir. Surge assim a linguagem discursiva que não só aponta as coisas pelos nomes que a razão, com base na semelhança lhes dá, mas também ao modo como elas agem entre si. A razão descobre a causalidade e a aplica à linguagem, já discursiva, comunicando o sujeito da ação bem como a própria ação. A criança ingressa na linguagem discursiva à partir do momento que dá nome às ações, abstraindo-as como coisas a conhecer.
Mas
a minha vida não se reduz ao conhecimento do que está acontecendo, eu preciso
tanto quanto isto, saber o que me pode futuramente acontecer, preciso me
prevenir e me preparar.
Dado
um contexto, o que me espera? Eu, como objeto de ação e/ ou eu
como sujeito de ação. Não só preciso conhecer o objeto mas também o modo dele
agir e reagir às ações. Conhecimento que se me faltar ficarei vulnerável à ação
dos objetos contra a minha vida. Surge assim a palavra central da linguagem
discursiva- o verbo Ser, palavra que não atenta para esta ou aquela
ação, mas ao modo do sujeito agir que lhe seja característico.
Se estou diante dum predador, a este como individuo não conheço, mas pela semelhança com os de sua espécie presumo conhecer-lhe o modo de agir e reagir. A este modo próprio de agir chamo ser. Se digo que o objeto é um predador voraz, não quero com isto dizer que esteja ocorrendo qualquer ação, mas ostento um conhecimento acerca do modo de agir, de ser, de todo lobo em geral e deste com que possa me defrontar. Conhecer o modo de agir do objeto é vital para que eu zele pela minha vida.
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