domingo, 7 de julho de 2013

Liberdade e Responsabilidade II

Texto produzido em parceria com meu pai.

O conhecimento é a percepção que temos do mundo, ou seja, é a representação pessoal que fazemos de todas as coisas que desejamos conhecer. Por exemplo: desejamos conhecer uma pessoa, então, fazemos uma representação dela em nossa mente; desejamos ler um livro, então, por analogia, assemelhamos tudo aquilo que lemos com algo que nos é familiar; desejamos entender melhor um fato, um acontecimento, então, fazemos dele uma representação pessoal em nossa mente, e assim é, em relação a tudo o que desejamos conhecer. No entanto, a minha experiência de conhecimento não se assemelha a de outrem, pois pode ser por exemplo, que a pessoa que eu quero conhecer, seja vista de uma forma por mim e de outra por outrem, pode ser que eu a ache uma pessoa sincera ao passo que outrem a ache uma pessoa que finge ser sincera, mas que no fundo, é falsa; pode ser que eu compreenda o livro lido de maneira diferente da que outra pessoa que o leu compreendeu, que os nossos referenciais são diferentes, ou então, pode ser que eu importância a partes do livro que a outra pessoa achou sem importância, pois nós nos identificamos com assuntos diferentes; e pode ser também que eu interprete um fato de maneira diferente da que outra pessoa o fez, como quando alguém faz uma boa ação por exemplo, eu interpreto que tal pessoa é uma pessoa generosa, enquanto outrem interpreta que tal pessoa agiu assim para ser visto, para dar a “impressão” de ser uma boa pessoa.
            Partindo do conhecimento das coisas ao meu redor, nos percebemos como que  diferentes de todos os demais; com modos de ser, pensar e sentir diferentes; nos percebemos diferentes dos objetos, dos animais e etc. Nos percebemos então, como indivíduos, isto é, como um ser individual e particular, com modos muito particulares e próprios de ser, pensar, sentir, interpretar. Logo, sou um indivíduo diferente de todos os demais indivíduos; sou portanto, único neste mundo, e todos os demais, embora se assemelhem em algum aspecto comigo, não são como eu. Esta percepção de que sou um indivíduo, de que sou diferente de todo resto, é o conhecimento que tenho de mim diante do outro, isto é consciência.
            Diante da percepção de que sou único frente aos outros e ao mundo, sinto a necessidade de fazer minhas escolhas. Escolher uma profissão que se adeqüe à minha personalidade, escolher uma namorada que se ajuste ao meu modo de ser, escolher até mesmo o que fazer diante das situações difíceis como, me irritar ou ser paciente, odiar ou amar, perdoar ou não perdoar e etc.
            Em toda escolha que faço, me utilizo da minha liberdade- eu escolho ou isto ou aquilo. Contudo, diante de duas ou mais possibilidades de escolha que tenho diante de mim, eu sinto angústia. Sentir angustia significa sofrer a cada escolha que tenho de fazer, pois toda escolha pressupõe de que sou eu o responsável por ela, e de que apesar disto, eu nunca sei se a escolha que faço é a escolha certa, se ela dará resultados positivos, quais serão suas conseqüências, seus desdobramentos etc. E ainda que eu pense não vou fazer nada em relação a este problema, não vou me envolver, ainda assim, eu fiz uma escolha, eu escolhi não fazer nada, logo, eu sou também responsável por não me envolver, pois a não-escolha, é uma escolha.
            A angústia está justamente nisto: de que, sendo o indivíduo livre para escolher, ele é totalmente responsável por aquilo que ele escolhe, e de que é impossível (ainda que se queira) se livrar da responsabilidade de suas escolhas

           

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