O Sonho da Razão Produz Monstros, Goya
Texto produzido em parceria com meu pai.
A reflexão como atividade mental, concatena os pensamentos e dá ao homem a capacidade de imaginar o futuro e planejar ações à guisa de realizá-lo para si. Concatenar os pensamentos significa orientá-los sob o mesmo padrão cognitivo afim de que os juízos a que correspondem não se conflitem. Concatenar os pensamentos implica também na crença em um mundo cujos fenômenos se relacionam de forma racional como o fazem os nossos pensamentos.
Assim, principia a atividade cognitiva do homem racional cuja premissa
é de que o mundo em que vive e busca conhecer é uma totalidade cujo principio
ordenador, a razão, é o mesmo que concatena-lhe os pensamentos; a este mundo
chamamos Cosmos- mundo ordenado, contra o mundo desordenado chamado Caos.
Ao homem primitivo os fenômenos naturais sendo incompreensíveis, restou
atribuir-lhes a autoria/ causa a seres sobrenaturais afim de assegurar-se racionalmente da condição cósmica do mundo em
que vivia. À crença em seres sobrenaturais é produto desta visão cósmica e
racional do mundo. Ao homem primitivo não faltava razão, mas conhecimento
racional dos fenômenos e fatos de sua vida. Da crença do homem em seres
sobrenaturais surgiu-lhe a necessidade de estabelecer uma relação de confiança
com os mesmos, baseada na fé religiosa. Temia-os por considerá-los sobremodo superiores a si em força e poder ao mesmo
tempo que os procurava pelos benefícios que pudessem –lhe auferir. Os ritos,
festividades, cerimônias e comemorações tão comuns tem a sua origem na representação
simbólica da relação do homem com o divino (sobrenatural).
Esses seres passaram a ocupar o imaginário do homem influenciando a sua
vida em todos os aspectos, inclusive o de se considerar igualmente de mesma
procedência e destinação transcedentais. A morte passou a representar para o
homem não mais um fim mas uma transição desta vida para outra sobrenatural. Com
alguns destes seres o homem estabeleceu relação de mutua confiança e
reciprocidade; eram esses os deuses pessoais, tribais e nacionais, e com
outros, relacionava-se espelhando-se em seus atributos admiráveis, eram esses,
os mitos, à condição dos quais, aspirava chegar, pois ainda que celestiais,
apresentavam-se sob formas humanas fazendo ao homem crer que suas excelências
eram em verdade potencialidades humanas postas em ação, ou seja, em ato. Os mitos algumas
vezes representam também pessoas dum passado imemorial que por seus feitos
heróicos e conduta exemplar, acenderam acendido
à condição de divindades, motivando desta maneira ao homem seguir-lhes o
exemplo. O mito via de regra tem função civilizatória, pois personifica a
realização das excelências humanas, e ainda hoje ocupa o imaginário do homem na
pessoa de seus heróis. Já o deus pessoal, tribal e nacional, cabe dar ao homem
assistência e proteção contra o caos, assegurando-lhe a condição cósmica do
mundo em que vive. Estas duas funções podem muitas vezes se manifestar na mesma
divindade. O exemplo mais marcante disso é Jesus Cristo que vem a ser Mito e
Deus ao mesmo tempo.
( Mito narra tempos imemoriais em cujo contexto habitavam seres
fabulosos que geralmente afiguram o ser humano. Mito é também o nome que se dá
a esses seres).
QUESTÕES:
- Se o homem primitivo era racional, por que então usava os seres sobrenaturais para explicar o mundo?
- Qual a função do mito?
- Qual a função do (s) deus(es)?
- Pode um mito ser um deus também e vice-versa?
- Gandhi representa um mito ou um deus?
- Buda representa um mito ou um deus?
- Jesus representa um mito ou um deus?
- O deus dos judeus é um mito também?
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