domingo, 7 de julho de 2013

Indivíduo, Pessoa e Consciência Social

Texto produzido em parceria com meu pai.


O mundo exterior ou a realidade material e o mundo interior ou a realidade imaterial juntos, formam um todo existencial, o nosso mundo. Sem o primeiro não teríamos existido e sem o segundo não teríamos consciência; não refletiríamos sobre a nossa própria existência. Os nossos pensamentos, fontes de todo conhecimento, aspiram à ação, pois toda intencionalidade tem no pensamento a sua gênese e tende a não permanecer como realidade imaterial, mas a agir sobre o mundo, a realidade material. Por esta definição de realidade só o impensável inexiste pois todo o resto ou é realidade material ou imaterial. Assim o conhecimento de si perante o mundo, a consciência, que abarca em si as percepções: sensorial, afetiva e intelectual também aspira à ação, pois a partir de nossa consciência que logramos agir sobre o mundo, o nosso mundo, material e imaterial. Ao conhecimento de si perante o mundo, quer pela via sensorial, afetiva e/ou intelectual, em separado ou conjuntamente, chamamos consciência. A consciência implica em auto-conhecimento fazendo-nos saber antes de tudo de que somos seres indivisíveis e autônomos- indivíduos. Esta é a nossa primeira consciência perante o mundo.
 
            A criança recém nascida por exemplo, não teria consciência até se formar nela o conhecimento de si como um todo indivisível, um individuo perante o mundo. A fome, a sede, a dor e o sofrimento lhe ajudam nesse sentido, ensinando-lhe a abandonar gradualmente o egocentrismo que o faz inserir o mundo em si para inserir-se no mundo como parte, ainda que mantendo sua individualidade, mas inserida no contexto social, a família e por extensão a sociedade. Assim surge na criança a pessoa, o ser social, ser este que sob o sentido  material, se mantém integro e indivisível (indivíduo) mas revestindo-se de tudo o que a sociedade lhe oferece e dela requer, assume o sentido imaterial de sua existência, ganhando assim o status de pessoa, indivíduo  dotado de atribuições éticas que juntamente com suas particularidades, formam  a sua consciência social, sua personalidade.

            Crianças mimadas e demasiadamente protegidas da dor e do sofrimento, da necessidade e da dependência, porque a assistem como que por obrigação e não por ajuda; encontram muita dificuldade em alcançar este primeiro estágio da consciência; não conseguem se reconhecer como indivíduos perante o mundo material e nem como pessoas perante o social, agem como se fossem o centro das atenções e das decisões; tenderão a ser pessoas anti-sociais e egoístas. Crianças maltratadas e desprotegidas por sua vez, adquirem elevado grau de conhecimento de si como indivíduos, porém pouco e precário conhecimento de si como pessoas; e tenderão a ser anti-sociais, buscando cobrar à sociedade a pessoa/ser social que lhes negou a oportunidade de ser.



 *** 


QUESTÕES:

1.      Se consciência é o conhecimento de si perante o mundo, consciência social seria...?  
2.      Ao definirmos a realidade como tudo o que existe, diga quais tipos de realidade derivam desta definição.
3.      Qual a diferença entre indivíduo e pessoa?
4.      Por que costumamos falar “o fulano não parece a mesma pessoa”, ao invés de falarmos “o fulano não parece o mesmo individuo”?


Nenhum comentário:

Postar um comentário