Texto produzido em parceria com meu pai.
O mundo exterior ou a realidade material e o mundo interior ou a realidade imaterial juntos, formam um todo existencial, o nosso mundo. Sem o primeiro não teríamos existido e sem o segundo não teríamos consciência; não refletiríamos sobre a nossa própria existência. Os nossos pensamentos, fontes de todo conhecimento, aspiram à ação, pois toda intencionalidade tem no pensamento a sua gênese e tende a não permanecer como realidade imaterial, mas a agir sobre o mundo, a realidade material. Por esta definição de realidade só o impensável inexiste pois todo o resto ou é realidade material ou imaterial. Assim o conhecimento de si perante o mundo, a consciência, que abarca em si as percepções: sensorial, afetiva e intelectual também aspira à ação, pois a partir de nossa consciência que logramos agir sobre o mundo, o nosso mundo, material e imaterial. Ao conhecimento de si perante o mundo, quer pela via sensorial, afetiva e/ou intelectual, em separado ou conjuntamente, chamamos consciência. A consciência implica em auto-conhecimento fazendo-nos saber antes de tudo de que somos seres indivisíveis e autônomos- indivíduos. Esta é a nossa primeira consciência perante o mundo.
A
criança recém nascida por exemplo, não teria consciência até se formar nela o
conhecimento de si como um todo indivisível, um individuo perante o mundo. A
fome, a sede, a dor e o sofrimento lhe ajudam nesse sentido, ensinando-lhe a
abandonar gradualmente o egocentrismo que o faz inserir o mundo em si para
inserir-se no mundo como parte, ainda que mantendo sua individualidade, mas
inserida no contexto social, a família e por extensão a sociedade. Assim surge
na criança a pessoa, o ser social, ser este que sob o sentido material, se mantém integro e indivisível
(indivíduo) mas revestindo-se de tudo o que a sociedade lhe oferece e dela
requer, assume o sentido imaterial de sua existência, ganhando assim o status
de pessoa, indivíduo dotado de
atribuições éticas que juntamente com suas particularidades, formam a sua consciência social, sua personalidade.
Crianças
mimadas e demasiadamente protegidas da dor e do sofrimento, da necessidade e da
dependência, porque a assistem como que por obrigação e não por ajuda;
encontram muita dificuldade em alcançar este primeiro estágio da consciência;
não conseguem se reconhecer como indivíduos perante o mundo material e nem como
pessoas perante o social, agem como se fossem o centro das atenções e das
decisões; tenderão a ser pessoas anti-sociais e egoístas. Crianças maltratadas
e desprotegidas por sua vez, adquirem elevado grau de conhecimento de si como
indivíduos, porém pouco e precário conhecimento de si como pessoas; e tenderão
a ser anti-sociais, buscando cobrar à sociedade a pessoa/ser social que lhes
negou a oportunidade de ser.
QUESTÕES:
1.
Se consciência é o conhecimento de si perante o mundo,
consciência social seria...?
2.
Ao definirmos a realidade como tudo o que existe, diga
quais tipos de realidade derivam desta definição.
3.
Qual a diferença entre indivíduo e pessoa?
4.
Por que costumamos falar “o fulano não parece a mesma
pessoa”, ao invés de falarmos “o fulano não parece o mesmo individuo”?
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