Francisco diante de Inocêncio III
Pintura de Giotto (1297-1299).
SOBERBA E HUMILDADE NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO E EM A NUVEM DO NÃO-SABER DE UM ESCRITOR DESCONHECIDO DO SÉCULO XIV
José Chadan[1]
RESUMO
Pretendo
demonstrar aqui dois elementos, se assim se pode chamá-los, muito peculiares no
cristianismo medieval: a soberba e a humildade. Para tanto, farei uso da obra Confissões de Agostinho e da obra A Nuvem do Não-Saber de um Escritor
Anônimo do Século 14. Buscarei dissertar de como por um lado Agostinho
compreende a soberba como sendo o princípio e o maior de todos os pecados, aquele
que coloca o homem em competição primeiro com Deus e, por conseguinte, com seus
semelhantes. E a humildade, compreendida tanto pelo bispo de Hipona quanto pelo
monge cartuxo, como a virtude cristã que predispõe a alma a uma maior
aproximação de Deus, auxiliando-a em seguir o exemplo humilde de Cristo— que
sendo igual a Deus, rebaixou-se, encarnando na forma humana e se fazendo
semelhante a nós.
Palavras-chave:
humildade, soberba, pecado, vontade, Deus, Cristo.
ABSTRACT
I intend to display two very peculiar elements regarding the
Medieval Christianity: pride and humbleness. In order to do so, I will use the
following works: St. Augustine’s Confessions
and the Cloud of the Unknowing, whose
author was an anonymous writer from the 14th century. I will explore how, on one
hand, St. Augustine understood pride to be the first and greatest of all sins,
the one that put men in competition with God and, therefore, with their peers.
On the other hand, the bishop of Hippo and the Carthusian monk perceived
humbleness as the Christian virtue which predisposes the soul to a closer
approximation to God, aiding it to follow the humble example of Christ— who, being equal to God, demoted himself, incarnating
into human form and becoming like us.
Keywords: humility, pride, sin, will, God, Christ.
SOBERBA E HUMILDADE NA TRADIÇÃO
MEDIEVAL: UMA BREVE INTRODUÇÃO
Na
tradição medieval, que teve inicio com a patrística e depois a escolástica, a
soberba compõe a lista dos sete pecados capitais. O próprio cartuxo anônimo
cataloga a soberba entre os sete pecados em sua obra A Nuvem do Não-Saber[2]. Colocando-a na extremidade oposta à da humildade.
Em termos gerais, a soberba
(...)
já se encontrava no comportamento de Adão (cf. Gn 3,1-9). Rejeitando a dependência
de Deus, ligada ao reconhecimento da criaturalidade, o homem recusou a verdade
sobre si mesmo e se ergueu como absoluto. Mas agindo assim, ele esvaziou de
sentido a história e a entregou ao poder do pecado. Substituiu a verdade pela
violência arrogante, que é sempre fonte de morte[3].
Ao
passo que a humildade é representada pelo Verbo encarnado, que sendo igual a
Deus, rebaixou-se, tomando a forma humana, sofrendo toda espécie de dores e
angústias terrenas e sendo obediente a Deus até a morte e, morte de Cruz. O
primeiro pensador cristão a empregar o conceito de humildade neste sentido, foi
São Paulo e posteriormente Santo Agostinho[4].
De acordo com Magrassi, a humildade não consiste em sentir-se pequeno,
posto que ao Senhor isto seria impossível, mas em fazer-se pequeno[5].
SOBERBA
a.
O
Conceito de Soberba nas Confissões
O
conceito de soberba, conhecido também como orgulho[6],
tentação de louvor, ou vã glória, foi
tratado nas Confissões, mais
robustamente nos capítulos 36 ao 39 do livro décimo. De acordo com a tradução
de J. Oliveira Santos, a soberba recebe o(s) nome(s): orgulho, no capítulo 36;
vanglória, no capítulo 38; e, amor próprio, no capítulo 39.
No
capítulo 36, intitulado O Orgulho,
Agostinho fala primeiramente de que para combater o orgulho é necessário ter
temor de Deus. E, de que Deus sendo o único Senhor, não governa com orgulho.
O
orgulho é um pecado que se comete somente, em ajuntamento social, pois consiste
em o homem querer ser temido e amado pelos demais homens; em querer também que
o louvor destes homens lhe seja dirigida,
ao invés de dirigir-se a Deus[7].
Ademais,
só é louvado quem vive uma vida digna de louvor e, no entanto, Agostinho afirma
de que se deve sim, ter uma vida reta e digna, contudo, abrindo mão dos
louvores que lhe acompanham, redirecionando estes louvores a Deus (que é quem
auxilia o homem a viver deste modo)[8].
Em
seguida, no capítulo 38, o bispo de Hipona segue criticando essa tendência
humana em buscar o louvor alheio, que ele, denomina de vã glória. Distinguindo
entre duas espécies de vã glória: a glória que o homem busca através do elogio
e exaltação alheia e a glória que o homem busca ou sente por achar que não
possui vã glória ( julgando tê-la combatido e vencido, falseia a vã gloria, gloriando-se
de um outro modo, mais velado e sutil)[9].
No capítulo 39, sobre o amor próprio, o autor tipifica três tipos de orgulho:
(i) a vanglória dos homens que se exaltam a si mesmos, julgando os males como
se fossem bens, (ii) quando se gloriam dos bens de Deus como se fossem seus, e
(iii) quando reconhece que são dádivas de Deus, não se alegrando quando outros o
possuem, mas, sentindo inveja[10].
Finalmente,
há nas Confissões passagens menores
onde o pecado do orgulho seria mencionado, como por exemplo no capítulo décimo
do livro primeiro[11]. Entretanto
não me deterei aqui nestas pequeninas passagens por não parecerem tão substancias
quando as que mencionei sobre o livro X.
b. O Conceito de Soberba em A Nuvem do
Não-Saber
O
conceito de soberba surge em A Nuvem,
segundo a tradução de D. Lino Correia M. de Miranda Moreira, com as expressões:
orgulho, presunção e vaidade. A primeira menção robusta ao conceito de soberba/orgulho,
se encontra no capítulo XXVIII de A Nuvem
do Não-Saber, onde o autor afirma que no princípio, o homem, tendo domínio sobre
todas as coisas, inverte a relação, sujeitando-se ao invés de sujeitar (as criaturas).
Decaído por causa do pecado original, as criaturas orgulhosamente se colocariam
entre ele e Deus. Como se o orgulho inicial do homem antes da queda, se
invertesse, dando lugar a um outro orgulho, o das criaturas que se elevam,
intrometendo-se entre o homem e Deus. Seriam
então dois tipos de orgulho: o orgulho humano e o orgulho das criaturas[12].
É preciso averiguar se o orgulho das criaturas que
se interpõe entre o homem e Deus, trata-se apenas de uma metáfora ou se deve
ser entendido literalmente. Conhecendo a linha de raciocínio do cartuxo
anônimo, é possível supor que se trata de uma preposição que deve ser entendida
não em sentido material, mas em sentido espiritual. Tomar um sentido por outro é
justamente cair no engano a que caem os principiantes presunçosos, que se deixam
levar pela curiosidade e pelo orgulho. O orgulho segundo o cartuxo
desconhecido, está diretamente ligado à curiosidade[13].
Sobre a confusão no que concerne à compreensão
correta das palavras, o autor torna a tratar no capítulo LII[14].
No capítulo LVI a erudição e o saber oriundo dos livros é entendido como um
certo orgulho pelas especulações da inteligência natural[15].
No capítulo LVII o autor desconhecido torna a mencionar os enganos de quando se
tem uma compreensão equivocada de certas expressões[16].
c.
Soberba:
a vontade que afronta Deus
O orgulho é associado ao uso da vontade que deseja transgredir
a lei divina. Agostinho mostra isto no episódio de sua adolescência, quando
roubou peras, não por necessidade, beleza ou sabor, mas unicamente pelo prazer
de roubar[17].
Segundo Vargas: “A única motivação de fundo para o roubo, portanto, era a
transgressão da lei, o fazer valer a própria vontade por cima da vontade de
Deus” [18].
Por
debaixo do pecado da soberba, estaria o desejo de poder, autossuficiência,
autonomia e de independência de Deus. No
livro II, sobre a Alegria do Mal,
Agostinho diz que o orgulho deseja o poder, o conhecimento e a busca por ser
temido, porém, tais atributos pertencem somente a Deus[19].
A
soberba se caracteriza pela comparação e competição. Afastando o homem de Deus
e de seus semelhantes. Isto porque a soberba sendo extremamente competitiva
coloca os homens uns contra os outros. O soberbo está sempre se comparando
com os outros e buscando, sem medir os meios para ser o melhor, o mais rico, o
mais habilidoso, inteligente, bem sucedido; custe o que custar - custe até
mesmo o bem-estar do outro ou sua integridade ferida.
O
soberbo é capaz de, por exemplo, cobiçar a mulher alheia não porque gosta dela,
mas apenas para se sentir superior ao seu vizinho. Comprar algo não porque
goste ou precise, mas para se sentir superior (novamente). É até mesmo, capaz
de agir retamente, não por causa da ação em si, mas somente para arrogar-se um
mérito e valor que o coloque acima dos demais homens. Daria esmola aos pobres, para
poder olhá-lo com certo desdém. Por debaixo da soberba, está o germe da
“rebeldia e desobediência que acompanhará a todo descumprimento do que Deus
ordena” [20].
Segundo C. S. Lewis
(...)
o orgulho é essencialmente competitivo — por sua própria natureza -, ao passo
que os outros vícios só o são acidentalmente, por assim dizer (...). Se todos
fossem igualmente ricos, inteligentes e bonitos, não haveria do que se
orgulhar. É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa: o prazer de estar
acima do restante dos seres. Eliminado o elemento de competição, o orgulho se
vai. E por isso que eu disse que o orgulho ê essencialmente competitivo de uma
forma que os outros vícios não são [21].
A
soberba, segundo a tradição cristã, é representada fielmente, na figura de um certo anjo que, desejando o poder para ser autônomo e independente em
relação a Deus, cometeu o primeiro ato que feriu a ordem justa e harmônica da
criação[22].
Este anjo que escolheu desafiar a Deus, só o pôde fazer, por serem os anjos,
assim como os homens, seres dotados de razão, por meio da qual, exprimem suas
escolhas fazendo uso da vontade; esta, nunca constrangida, nem mesmo pela lei
divina. Sempre livre para exercer suas funções de arbítrio[23].
Outrossim,
a soberba se caracteriza pela
instrumentalização de tudo que se encontra em seu entorno. O soberbo sempre
busca servir-se de algo, alguém, ou defender-se de algo, alguém. Os frutos e o
destino para o homem soberbo resultam em uma “amarga solidão, defendida às
vezes encarniçadamente” [24].
Magrassi
menciona os degraus da humildade na regra de São Bento, cap. VII, de onde se
pode imaginar ser possível, investigando, traçar uma escala/degraus da soberba
em contraposição a uma escala/degraus da humildade. Entretanto estes temas
caberiam melhor em um trabalho à parte[25].
d. A soberba do conhecimento
A
fim de ilustrar a soberba, Agostinho lança mão primeiramente da seita dos
maniqueus, a qual ele um dia pertencera.
Referindo-se a Manés, fundador do maniqueísmo como um homem orgulhoso e
insensato, que era tanto mais ignorante em diversas matérias e que não possuía
piedade[26].
Sobre
os maniqueus, Agostinho afirma de que eles: “julgam-se tão altos e cintilantes
como as estrelas” [27]. Contudo, quando se refere a Fausto, bispo dos
maniqueus[28],
trata-o na conta de um homem modesto, que consegue distinguir entre aquilo que
sabe e aquilo que não sabe: “a modéstia da alma que confessa sua incapacidade é
mais bela que as coisas que eu desejava aprender” [29].
De
modo semelhante, o cartuxo também diz que muitas vezes a causa do orgulho é a
falta de conhecimento. Ora, aquele que não sabe que lhe falta conhecimento, mas
julga que conhece, se incha de orgulho[30].
Mais adiante, adverte também contra aqueles que, por causa do orgulho,
especulações da inteligência natural e saber livresco, abandonam as doutrinas e
diretrizes da Santa Igreja. Confiando nos próprios conhecimentos, desviam-se de
uma “experiência humilde e cega” [31] e
aderem a uma “falsa experiência”[32].
Outra
forma de presunção oriunda do conhecimento reside em compreender em sentido
material o que tem sentido espiritual. Assim, se alguém ouve a expressão “para
o alto”, fixa os olhos nas estrelas, inclina para cima os ouvidos e interpola a
imaginação em sentido equivocado, também.
Tais
equívocos devem-se também da compreensão equivocada sobre personagens bíblicas
como “Santo Estevão que viu o Senhor de pé, no Paraíso” [33] e
Cristo, que ascendeu ao Céu sendo visto por seus discípulos enquanto subia[34].
Pois, no tocante ao conhecimento, ensina o autor: aquilo que se pode saber de
mais profundo sobre Deus é justamente uma certa forma de saber que sabe não sabendo,
por meio da ignorância mesma[35].
Se se adotar esta postura, o cristão obtém humildade, combatendo em si, o
orgulho e soberba.
A
soberba do conhecimento, para o bispo de Hipona, se alimenta também de um certo
erro na compreensão, no conhecimento que a criatura pode ter de si mesma e de
Deus. No que se refere ao conhecimento de Deus, a razão se recusaria a
conhecê-lO, limitando-se a conhecer apenas o que é sensível, e, no que se
refere ao conhecimento de si, a razão não reconheceria a condição de pecado em
que a criatura humana se encontra. Mais uma vez, consta de que o pecado da
soberba arroga para si o conhecimento[36].
Em
falando dos orgulhosos, Agostinho fala também contra os neoplatônicos, que
pretendem unir-se ao Uno por meio de uma vontade voluntária, sem reconhecer a
necessidade da ajuda da graça e do reconhecimento de Cristo como mediador e
salvador dos homens[37].
Mencionando
novamente a passagem bíblica onde Jesus exorta a que os atribulados coloquem seu
fardo sobre Seus ombro, a fim de que Ele os alivie - Ele, que é manso e humilde
de coração. Menciona ainda, de maneira implícita a carta aos romanos onde o
apóstolo condena os gentios por terem feito para si ídolos para os adorar, desviando-se
do verdadeiro Deus e que “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” [38].
Segundo
o bispo de Hipona, tudo que está contido nos livros platônicos também o está
nas Escrituras. A diferença radical é de que os livros platônicos arrogam para
si os méritos todo o conhecimento, não reconhecendo que tudo é dado por Deus[39].
Tais livros, portanto, não podem ensinar a humilde piedade[40],
Para ilustrar a soberba, Agostinho não se utiliza somente
dos neoplatônicos que pretendiam unir-se ao Uno mediante uma vontade
deliberada, mas também aponta para os egípcios, que fizeram para si deuses com
formas de criaturas e, ao invés de adorar o Criador, idolatraram as criaturas[41].
A diferença entre presunção e humildade, consiste no fato
de que o presunçoso não enxerga por onde caminha nem qual caminho conduz à
Pátria bem-aventurada, ao passo que o humilde, enxerga e sabe por onde e como
Nela chegar[42].
HUMILDADE
a.
O
Conceito de Humildade na obra Confissões
No
capítulo nono do livro sétimo das Confissões,
Agostinho cita diversas passagens das Escrituras sobre humildade. A primeira
menção à humildade se encontra na epístola de Tiago 4;6 e na primeira epístola
de Pedro 5;5 segundo a tradução de João Ferreira de Almeida, onde o texto
sagrado afirma que Deus resiste aos
soberbos, mas dá graça aos humildes.[43] A
segunda menção diz respeito ao evangelho de São João, onde o evangelista
interpreta o evento da encarnação como ato de humildade, ao dizer que o Verbo
se fez carne e habitou entre os homens[44].
E, a terceira menção e ilustração de humildade se encontra na carta aos filipenses
2; 6-11[45].
Em seguida, Agostinho cita um salmo de Davi, onde está
escrito de que Deus não poupou nem mesmo seu único filho, antes o entregou por
todos os homens. Menciona ainda, o episódio bíblico em que Jesus deu graças a
Deus por ocultar Sua revelação aos sábios e eruditos deste mundo, a fim de
revelá-la aos pequeninos e humildes[46]. Para
que pudessem Dele se achegar todos atribulados, prometendo-lhes alivio, Ele, que
é manso e humilde de coração[47].
Finamente menciona a carta aos romanos, onde Paulo roga a
Deus que perdoe os pecados da comunidade cristã residente em Roma, tendo por
conta o trabalho e a humildade de seus membros[48].
b.
O
Conceito de Humildade em A Nuvem do Não-Saber
O cartuxo anônimo
inicia falando de humildade, mais robustamente, no capítulo segundo de A Nuvem, na tentativa de mostrar ao
jovem discípulo a maneira pela qual se adquire e se a conserva a humildade[49].
No capítulo doze, o
autor desconhecido exorta a que se escolham entre duas virtudes, das quais uma,
seria a humildade. Ressaltando que as possuindo, nada mais faltaria[50]. No
capítulo XIII, o autor lança mão de uma definição pormenorizada do conceito de
humildade e distingue entre duas espécies de humildade. Todavia, falarei disto
em momento oportuno no decorrer deste trabalho[51].
No capítulo quatorze
continua tratando do tema anterior. O capítulo quinze por sua vez, ensina de
como alcançar a humildade considerada a do tipo perfeita. Não obstante, haveria
ainda uma humildade dada gratuitamente por Deus (vide o caso daqueles que nunca
pecaram e foram exemplos de humildade) [52].
No capítulo cinquenta e
dois, o cartuxo desconhecido trata da extremidade oposta à virtude da humildade,
qual seja: o pecado da presunção. Advertindo contra os perigos deste[53]. Torna a tratar disto no capítulo LVII[54] e
ainda, dá outro exemplo de humildade segundo as Escrituras[55].
c.
As
duas naturezas de Cristo: Majestosa e Humilde
A
tradição cristã que prevalece com Agostinho apresenta duas naturezas em Cristo:
a natureza divina e a natureza humana. Cristo é Deus, mas também é homem, filho
e servo. Nesta segunda forma ou natureza, Cristo se faz semelhante a nós. No que concerne à natureza divina, Cristo se
iguala a Deus, por ser o Verbo pelo qual tudo foi criado. No que concerne à
natureza humana e servil, Cristo se iguala a nós, pela sua carne. E, se o por
um lado o Verbo se fez humilde ao encarnar na forma humana, por outro lado, diz
Agostinho, que não há nada mais simples do que Deus[56].
E, ainda, tratando de simplicidade, Agostinho afirma em outro trecho das Confissões, de que as Escrituras possuem
um estilo de escrita simplíssimo, atraindo “multidões no regaço da santa
humildade [de Deus]” [57].
A
segunda forma ou natureza, que se identifica com a forma divina de Cristo, ficaria
sujeita à primeira, ou seja, o filho se sujeita ao Pai (na Trindade)[58].
Neste sentido, a humildade consiste na razão que se humilha, sujeitando-se e
sendo auxiliada pela revelação.
A
humildade seria ilustrada mesmo, pelo exemplo de Cristo, que sendo igual a
Deus, rebaixou-se, encarnando na forma humana a fim de dar-lhes redenção. Como afirma Vargas: “Toda encarnação é uma
revelação da humildade de Deus” [59].
Ou como diz Agostinho no livro IV das Confissões:
“Ele, nossa vida, desceu até nós” [60].
Na
primeira forma, na forma divina, Cristo realiza os milagres registrados nas
Escrituras, como por exemplo, quando transformou a água em vinho nas bodas de
Canaã (Jô 2,1-11). Já na segunda forma, a forma humana, Cristo sofre, se cansa
e sentea fome.
É
somente porque Cristo se rebaixou e assumiu a forma humana, sofrendo todas as
consequências da mesma, que ele pôde redimir a humanidade. Nisto, consiste a
humildade de Cristo, segundo Santo Agostinho[61].
d.
O
que é a humildade e dos meios de alcançá-la
A
humildade consiste na falta de espírito de competição e de vangloria. Para
Agostinho, a humildade cristã se encontra em oposição à soberba dos
neoplatônicos, justamente por que estes julgavam conhecer tantas coisas, porém
desconheciam por completo o mistério da encarnação[62]. Tornar-se
humilde é antes de qualquer coisa, reconhecer a encarnação do Verbo, tal como
ensina o cartuxo:
Devias
ser tanto mais humilde e afetuoso para com o teu esposo espiritual, quanto é
certo que Ele- o Deus todo-poderoso, Rei dos reis e Senhor dos senhores!-
resolveu humilhar-se para descer ao teu nível, graciosamente te quis escolher
dentre as ovelhas do seu rebanho, para seres um dos seus amigos especiais[63].
Em
reconhecendo depois, a própria condição em que o homem se encontra, qual seja: condição
de pecado[64].
Segundo Santo Agostinho, o pecado está em “falar, agir ou desejar contra a lei
eterna” [65].
O pecado é sempre um delito sob o qual Deus confere um juízo[66]. Portanto,
o homem humilde é aquele que reconhece em suas práticas, a transgressão da lei
e confessa a Deus os seus pecados. Reconhecendo sua fraqueza e pobreza. Como
diz Vargas: “tal reconhecimento da condição de pecador só é possível por meio
da humildade; a confissão é a primeira manifestação e um primeiro passo no
caminho da humildade” [67].
Um
exemplo de humildade, segundo Agostinho, seria o de Fausto, o bispo dos
maniqueus, que sendo arguido sobre assuntos que não se sentia capacitado a
responder, admitiu tal incapacidade. Cito-o no item d sobre a soberba.
Humilde
seria também aquele que sem pretensão alguma, aceita Cristo como mediador entre
Deus e os homens[68].
O homem não deveria jamais ser soberbo, arrogando a si mesmo os méritos por
chegar até Deus, antes, deveria seguir o exemplo de Cristo, que sendo igual a
Deus tornou-se coparticipante da condição pecadora do homem ou, para usar uma
expressão agostiniana, coparticipante “da túnica da nossa carne” [69].
O
pecado, embora não prejudique a Deus, por estar Ele tão acima, no alto, sempre
prejudica aquele que o comete. Ao contrário do pecado, fruto do orgulho
individual, “É pela piedade humilde que se vai até Vós, para purificardes os
nossos maus hábitos” [70].
Nas palavras de Vargas: “assim como a soberba leva o homem a ter um coração
altaneiro, que se crê capaz de ser justo por força própria, a humildade, ao
contrário, o leva a ter um coração que se rebaixa pela contrição” [71].
A
humildade aproxima o homem de Deus, sendo o remédio mesmo, que cura a soberba
humana. Cristo é, pois, “o Médico Humilde” [72]. A
soberba, portanto, seria oriunda de Adão e a humildade, de Cristo[73].
Aquela, o principio da exterioridade, esta, da interioridade[74].
Outrossim,
em A Nuvem do Não-Saber, humilde é o
homem que reconhece a condição miserável na qual se encontra, simplesmente pelo
fato de existir. Como ensina o cartuxo anônimo: “Quem sente maior desgosto é
quem está consciente de existir. Qualquer outro sofrimento, comparado com a
consciência de existir, é como uma brincadeira de crianças” [75]. A
condição humana para o cartuxo desconhecido é pois, pecado, e a humildade está
em reconhecer esta fétida condição. Como admoesta o cartuxo:
A
humildade nada mais é do que a verdadeira consciência de nós mesmos tal como
somos. Não há duvida: quem fosse capaz de se ver e sentir a si próprio tal como
é, seria verdadeiramente humilde. E são duas as causas da humildade: uma é a
impureza, miséria e fragilidade do ser humano, em que ele caiu pelo pecado
(esta sempre há-de sentir em certo grau, enquanto permanecer nesta vida, por
mais santo que seja); outra é a excelência de Deus em si mesmo e seu amor
superabundante[76].
Gilson
define humildade como sendo “o reconhecimento da soberania divina e a
dependência absoluta das criaturas[77]”.
Para o cartuxo, haveria dois tipos de humildade: a perfeita e a imperfeita.
Aquela,
quando causada por Deus mesmo e esta, quando causada por outra coisa que não
apenas Deus. A primeira seria perfeita, pois duraria por toda eternidade, ao
passo que a segunda, imperfeita, pois termina ao cabo desta vida terrena. Ainda
assim, adverte o cartuxo, que mesmo quando imperfeita, a humildade deve ser
exercida, pois é boa (embora não tão boa quanto a que é perfeita)[78].
O
cartuxo anônimo aconselha o discípulo a prestar atenção àquilo que não tem, ao
invés de voltar a atenção àquilo que tem, a fim de manter-se humilde[79]. Seria
impossível conservar a humildade perfeita sem a outra, a imperfeita[80]. Humilde é também o discípulo que ouvindo o
diretor espiritual, o obedece, bem como obedece as normas da Santa Igreja e o
diretor espiritual[81]. Assim,
evitando muitos enganos.
Sobre
isto, adverte o cartuxo anônimo: “E se não se acautelar [contra os enganos]
logo de início, de modo que a graça de Deus o faça parar e submeter-se
humildemente à direção espiritual (...)” [82]. E
ainda:
(...)
podemos considerar-nos também nós dois, se o nosso diretor espiritual e a nossa
consciência atestam que tomamos licitamente a devida emenda, pela contrição,
confissão e satisfação das nossas faltas, segundo os estatutos e normas da
Santa Igreja (...) [83].
Ademais,
existe um modo muitíssimo mais eficaz de se alcançar a perfeita humildade que
não seja a recordação das faltas e pecados passados. Qual seja: a perfeita
humildade advinda da graça mesma, sem mérito algum de nossa parte. É assim que se justifica a perfeita humildade
dos santos, como Cristo, Maria e também dos anjos[84].
Vale frisar que tanto para o monge cartuxo como para Agostinho, recordar as
faltas passadas, é um modo de se achegar a Deus. Muito embora um modo ainda imperfeito,
pois baseado no esforço e mérito pessoal ao invés de na graça imerecida de Deus
[85].
Há
ainda outro exemplo de humildade mencionado pelo cartuxo anônimo, que não é
Cristo, mas Beseleel. Beseleel, que não pôde ver a Arca senão após construí-la
com o próprio esforço. Identificando-se com a personagem, o cartuxo diz ao
jovem discípulo que a exemplo de Beseleel, ele (o cartuxo) está ensinando o
caminho de contemplação e humildade de Cristo, muito embora o jovem discípulo o
possa percorrer e trabalhar nele com muito mais mérito que o próprio cartuxo
anônimo[86].
CONCLUSÃO
Tanto
nas Confissões de Agostinho, como em A Nuvem, de um autor desconhecido, a
soberba é tida como um pecado a se evitar, sendo seu contraponto, a humildade,
uma virtude a se buscar. Não é ignorada a noção medieval de que a soberba
consiste no maior de todos os sete pecados ditos, capitais, que compõem todo o
imaginário medieval[87].
Muitos pensadores falam disto, inclusive Santo Agostinho em uma de suas obras o
diz explicitamente[88].
Em
contraposição ao pecado da soberba, e na extremidade oposta, se encontra a
humildade. Uma virtude a ser buscada e talvez a maior de todas as virtudes
cristãs. A humildade colocaria o homem em sua justa posição em relação ao
cosmo, em relação ao seu semelhante e em relação a Deus. A soberba, por seu
turno, retiraria o homem de sua adequada posição frente ao cosmo, ao seu
semelhante e a Deus, colocando-o equivocadamente, acima de todas as coisas[89].
A
humildade consiste em o homem saber com justeza o lugar que ocupa no universo
criado, qual seja: abaixo de Deus e dos anjos, acima dos animais e vegetais e em
pé de igualdade com os demais homens. Mas mesmo se o homem, por exemplo, se
puser abaixo dos animais ou vegetais, segundo a ordenação do universo
estabelecida por toda a tradição cristã, tal homem não está sendo humilde, mas
pecando. Pois a humildade não está em ser menor, e sim, em saber com justeza
aquilo que se é[90].
A
soberba ao contrário da humildade, consiste em o homem não saber o lugar
que ocupa no universo criado, arrogando para si próprio um lugar que não é seu.
Não respeitando a ordem criada, pondo-se acima dos anjos ou de Deus[91].
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STRAYER, J. R.
Dictionary of the Middle Ages. New York: Charles Scribner’s Sons, v. 2,
1983.
STRAYER, J. R. Dictionary
of the Middle Ages. New York: Charles Scribner’s Sons, v. 9, 1987.
VARGAS, Walterson
José. Soberba e Humildade em Agostinho de
Hipona. Tese de doutorado. USP: São
Paulo, 2011.
VULGATA LATINA. In
site < http://www.bibliacatolica.com.br/vulgata-latina/liber-genesis/1/>
VILLER, M. et al. Dictionnaire de Spiritualité. Paris: Beauchesne, 1953.
[1] Mestrando em filosofia pela
PUC-SP.
[2] Cf. ANÔNIMO DO
SÉCULO XIV. A Nuvem do Não-Saber,
Trad. D. Lino Correia Marques de Miranda Moreira. Petrópolis: Ed. vozes, 2008,
cap. X, p 58.
A partir deste ponto, toda vez em que
for mencionada esta obra, usarei a abreviatura: A Nuvem.
[3]
MAJORANO,
S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus:
Edições Loyola, 2003, p. 979.
[4] Cf. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Bosi,
Alfredo e Benedetti, Ivone Castilho. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 520;
Cf. Confissões,, livro VII, p. 167.
[5] Cf. MAGRASSI, M.
In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo:
Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 513.
[6]
Segundo Majorano “Na
linguagem corrente, o orgulho é identificado com a soberba, assumindo conotação
ética particularmente negativa” (MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p.
807).
[7] Cf. AGOSTINHO. Confissões. 11 ed. Porto: Ed. Livraria
Apostolado Imprensa, sem data, livro X, p. 281.
A
partir deste ponto, toda vez em que for mencionada esta obra, usarei a abreviatura: Confissões.
[8] Cf. Confissões, livro X, p. 282-284.
[9] Cf. Confissões, livro X, p. 285.
[10] Cf. Confissões, livro X, p. 285.
[11] Cf. Confissões, livro I, p. 39-40.
[12] Cf. A Nuvem, cap. XXVIII, p. 93-94.
[13] Cf. A Nuvem, cap. XLV,, p.
125.
[14] Cf. A Nuvem, cap. LII, p. 140-141.
[15] Cf. A Nuvem, cap. LVI, p. 149.
[16] Cf. A Nuvem, cap. LVII, p. 151-152.
[17] Cf. Confissões, livro II, p. 58.
[18] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
174.
No Diálogo
sobre o Livre-Arbítrio, Agostinho diz expressamente: “O inicio do pecado é
a soberba e o inicio da soberba é afastar-se de Deus” (AGOSTINHO. O Livre-Arbítrio. Trad., int. e notas
Antônio Soares Pinheiro. 3º Ed. Braga, 1998, p. 265).
[19] Cf. Confissões, livro II, p. 61.
[20] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
186.
[21] LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples. Trad. Álvaro Oppermann e Marcelo
Brandão Cipolia. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 45.
[22] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
187.
[23] Cf. GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad.
Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 367-368.
[24]
MAJORANO,
S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo:
Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 980.
[25]
Cf. MAGRASSI, M. In: BORRIELLO, L. e
outros. Dicionário de Mística. São
Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 513.
[26] Cf. Confissões, livro V, p. 114.
[27] Confissões, livro V, p. 112.
[28] Cf. Confissões, livro V, p. 111.
[29] Confissões, livro V, p.117.
Segundo
Gilson, ser cristão nos primeiros séculos “era essencialmente manter-se a uma
justa distância entre Manés, que negava a bondade radical da natureza, e
Pelágio, que negava, juntamente com os ferimentos que ela recebera, a
necessidade da graça para curá-la” (GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo:
Martins Fontes, 2006, p. 514).
[30] Cf. A Nuvem, cap. XIV, p. 65. O autor fala aqui sobre o conhecimento
acerca do que seria a humildade perfeita.
[31]
A Nuvem, cap. LVI, p. 149.
[32] Ibid.
[33] A Nuvem, cap. LVII, p. 152.
[34] Ibid.
[35] Cf. A Nuvem, cap. LXX, p.178; Cf. DIONÍSIO, PSEUDO-AREOPAGITA. Los
nombres de Dieu. In: Idem, Obras
Completas. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1996, p. 339.
[36] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
195-196.
[37] Cf. Confissões, livro VII, p.168.
[38]
Na tradução de João Ferreira de Almeida, a citação encontra-se em I aos
Romanos, 22; nas Confissões, o
tradutor ressalta a passagem no corpo do texto, mas não indica nota em rodapé.
Ver também: A Nuvem, cap. XIII, p.
62, onde o autor menciona a mesma passagem só que em contexto diverso. Enquanto
Agostinho o faz por causa dos ídolos em oposição ao verdadeiro Deus, o cartuxo
o faz por conta do amor superabundante de Deus e da débil condição humana.
[39] Cf. Confissões, livro VII,
P.179-181.
[40]
Utilizei o adjetivo humilde
para piedade, pois embora Agostinho não o empregue, é notório que o fundamento
da piedade seria uma disposição humilde. A disposição para a humildade viria
primeiro, e dela, nasceria (depois), a piedade.
[41] Cf. Confissões, livro VII, p. 169-170.
[42] Cf. Confissões, livro VII, p.
179.
[43] Cf. Confissões, livro VII, X, p. 167, 281;
BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio
de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993, p. 265, 271.
Toda vez que for citada uma passagem
bíblica estaremos utilizando a versão revista e corrigida por João Ferreira de
Almeida, embora Agostinho provavelmente tenha lido a Vulgata Latina.
[44] Cf. Confissões, livro VII, p. 167; BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira
de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira, 1993, p. 105.
[45] Cf. Confissões, livro VII, p. 168; BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira
de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica
Brasileira, 1993, p.228.
[46] Mt 11;25.
[47] Cf. Confissões, livro VII, p. 168; Mt 11; 29.
[48] Cf. Confissões, livro VII, p. 168.
[49] Cf. A Nuvem, cap. II, p. 35
[50] Cf. A Nuvem, cap. XII, p. 61. As virtudes são a caridade e a humildade.
[51] Cf. A Nuvem, cap. XIII, p. 62.
[52] Cf. A Nuvem, cap. XV, p. 66-67.
[53] Cf. A Nuvem, cap. LII, p 140.
[54] Ibid., cap. LVII, p. 151.
[55] Cf. A Nuvem, cap.LXXIII, p. 182-183.
[56] Cf. Confissões, livro II, p. 61. Por simples, entenda-se também,
humilde.
[57] Confissões, livro VI,
p.138.
[58] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
211.
[59] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
226.
[60] Confissões, livro VII, 9, livro IV, p. 99: “Et descendit huc ipsa
vita nostra”.
[61] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011,, p.
212.
[62]Cf. ABBAGNANO,
Nicola. Dicionário de Filosofia.
Trad. Bosi, Alfredo e Benedetti, Ivone Castilho. São Paulo: Martins Fontes,
2000, p. 520; Cf. Confissões, livro
VII, p. 167.
[63] A Nuvem, cap. II, p. 35.
[64]
Em oposição ao humilde, “Para o orgulhoso, é particularmente difícil
reconhecer-se pecador (...)” (MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p.
808).
[65] “Ergo pecatorum est, factum vel
dictum vel concupitum aliquid contra aeternam legem” (AGOSTINHO, Cont. Faustum Manich, XXII, 27, PL, tomo
42, col 418).
[66]
Cf. Confissões, livro X, p. 242.
[67] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
256.
[68] Cf. Confissões, livro VII, p. 176.
[69] Confissões, livro VII, p. 177.
[70] Confissões, livro III, p. 80-81: “Pietati humili reditur in te, et
purgas nos a consuedutine mala et propitius es peccatis confidentium”.
[71] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
257.
[72] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
257.
[73] Ver o capítulo intitulado, Soberba: a vontade que afronta Deus,
neste trabalho.
[74] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p.
268-269.
[75] A Nuvem, cap. XLIV, p. 123.
[76] A Nuvem, cap. XIII, p. 62.
[77] GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad.
Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 476.
[78] Cf. A Nuvem, cap. XIII, p. 63.
[79]
Cf. A Nuvem, cap. II, p. 35.
[80] Cf. A Nuvem, cap. XIV, p. 64.
[81] Cf. OCCHIALINI, U. Direção
Espiritual. In: BORRIELLO, L. e
outros. Dicionário de Mística. São
Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 332.
[82] Cf. A Nuvem, cap. XLV, p. 125.
[83] A Nuvem, cap. XV, p. 66. As expressões contrição, confissão,
faltas, sugerem/apontam para a humildade, embora o autor não empregue o termo
propriamente neste trecho.
[84] Cf. A Nuvem, cap. XV, p. 67.
[85] Cf. Confissões, livro II, p.53; Cf. A
Nuvem, cap. XV, p. 66.
[86] Cf. A Nuvem, cap. LXXIII, p. 182-183.
[87] Colocar referência.
[88]
Cf. AGOSTINHO. O Livre-Arbítrio. Trad., int. e notas
Antonio Soares Pinheiro. 3º ed. Publicações da Faculdade de Filosofia da UCP:
Braga, 1998, p. 265.
[89] Inserir referência.
[90] Inserir referência.
[91] Colocar referência.
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