domingo, 7 de julho de 2013

ARTIGO X

Francisco diante de Inocêncio III
Pintura de Giotto (1297-1299).



SOBERBA E HUMILDADE NAS CONFISSÕES DE SANTO AGOSTINHO E EM A NUVEM DO NÃO-SABER DE UM ESCRITOR DESCONHECIDO DO SÉCULO XIV

José Chadan[1]

RESUMO

Pretendo demonstrar aqui dois elementos, se assim se pode chamá-los, muito peculiares no cristianismo medieval: a soberba e a humildade. Para tanto, farei uso da obra Confissões de Agostinho e da obra A Nuvem do Não-Saber de um Escritor Anônimo do Século 14. Buscarei dissertar de como por um lado Agostinho compreende a soberba como sendo o princípio e o maior de todos os pecados, aquele que coloca o homem em competição primeiro com Deus e, por conseguinte, com seus semelhantes. E a humildade, compreendida tanto pelo bispo de Hipona quanto pelo monge cartuxo, como a virtude cristã que predispõe a alma a uma maior aproximação de Deus, auxiliando-a em seguir o exemplo humilde de Cristo— que sendo igual a Deus, rebaixou-se, encarnando na forma humana e se fazendo semelhante a nós.

Palavras-chave: humildade, soberba, pecado, vontade, Deus, Cristo.


ABSTRACT

I intend to display two very peculiar elements regarding the Medieval Christianity: pride and humbleness. In order to do so, I will use the following works: St. Augustine’s Confessions and the Cloud of the Unknowing, whose author was an anonymous writer from the 14th century. I will explore how, on one hand, St. Augustine understood pride to be the first and greatest of all sins, the one that put men in competition with God and, therefore, with their peers. On the other hand, the bishop of Hippo and the Carthusian monk perceived humbleness as the Christian virtue which predisposes the soul to a closer approximation to God, aiding it to follow the humble example of Christ who, being equal to God, demoted himself, incarnating into human form and becoming like us.

Keywords: humility, pride, sin, will, God, Christ.


SOBERBA E HUMILDADE NA TRADIÇÃO MEDIEVAL: UMA BREVE INTRODUÇÃO

Na tradição medieval, que teve inicio com a patrística e depois a escolástica, a soberba compõe a lista dos sete pecados capitais. O próprio cartuxo anônimo cataloga a soberba entre os sete pecados em sua obra A Nuvem do Não-Saber[2].  Colocando-a na extremidade oposta à da humildade. Em termos gerais, a soberba
(...) já se encontrava no comportamento de Adão (cf. Gn 3,1-9). Rejeitando a dependência de Deus, ligada ao reconhecimento da criaturalidade, o homem recusou a verdade sobre si mesmo e se ergueu como absoluto. Mas agindo assim, ele esvaziou de sentido a história e a entregou ao poder do pecado. Substituiu a verdade pela violência arrogante, que é sempre fonte de morte[3].
Ao passo que a humildade é representada pelo Verbo encarnado, que sendo igual a Deus, rebaixou-se, tomando a forma humana, sofrendo toda espécie de dores e angústias terrenas e sendo obediente a Deus até a morte e, morte de Cruz. O primeiro pensador cristão a empregar o conceito de humildade neste sentido, foi São Paulo e posteriormente Santo Agostinho[4]. De acordo com Magrassi, a humildade não consiste em sentir-se pequeno, posto que ao Senhor isto seria impossível, mas em fazer-se pequeno[5].


SOBERBA

a.      O Conceito de Soberba nas Confissões

O conceito de soberba, conhecido também como orgulho[6], tentação de louvor, ou  vã glória, foi tratado nas Confissões, mais robustamente nos capítulos 36 ao 39 do livro décimo. De acordo com a tradução de J. Oliveira Santos, a soberba recebe o(s) nome(s): orgulho, no capítulo 36; vanglória, no capítulo 38; e, amor próprio, no capítulo 39.
No capítulo 36, intitulado O Orgulho, Agostinho fala primeiramente de que para combater o orgulho é necessário ter temor de Deus. E, de que Deus sendo o único Senhor, não governa com orgulho.
O orgulho é um pecado que se comete somente, em ajuntamento social, pois consiste em o homem querer ser temido e amado pelos demais homens; em querer também que o louvor destes homens  lhe seja dirigida, ao invés de dirigir-se a Deus[7].
Ademais, só é louvado quem vive uma vida digna de louvor e, no entanto, Agostinho afirma de que se deve sim, ter uma vida reta e digna, contudo, abrindo mão dos louvores que lhe acompanham, redirecionando estes louvores a Deus (que é quem auxilia o homem a viver deste modo)[8].
Em seguida, no capítulo 38, o bispo de Hipona segue criticando essa tendência humana em buscar o louvor alheio, que ele, denomina de vã glória. Distinguindo entre duas espécies de vã glória: a glória que o homem busca através do elogio e exaltação alheia e a glória que o homem busca ou sente por achar que não possui vã glória ( julgando tê-la combatido e vencido, falseia a vã gloria, gloriando-se de um outro modo, mais velado e sutil)[9].
No capítulo 39, sobre o amor próprio, o autor tipifica três tipos de orgulho: (i) a vanglória dos homens que se exaltam a si mesmos, julgando os males como se fossem bens, (ii) quando se gloriam dos bens de Deus como se fossem seus, e (iii) quando reconhece que são dádivas de Deus, não se alegrando quando outros o possuem, mas, sentindo inveja[10].
Finalmente, há nas Confissões passagens menores onde o pecado do orgulho seria mencionado, como por exemplo no capítulo décimo do livro primeiro[11]. Entretanto não me deterei aqui nestas pequeninas passagens por não parecerem tão substancias quando as que mencionei sobre o livro X.   


b.      O Conceito de Soberba em A Nuvem do Não-Saber

O conceito de soberba surge em A Nuvem, segundo a tradução de D. Lino Correia M. de Miranda Moreira, com as expressões: orgulho, presunção e vaidade. A primeira menção robusta ao conceito de soberba/orgulho, se encontra no capítulo XXVIII de A Nuvem do Não-Saber, onde o autor afirma que no princípio, o homem, tendo domínio sobre todas as coisas, inverte a relação, sujeitando-se ao invés de sujeitar (as criaturas). Decaído por causa do pecado original, as criaturas orgulhosamente se colocariam entre ele e Deus. Como se o orgulho inicial do homem antes da queda, se invertesse, dando lugar a um outro orgulho, o das criaturas que se elevam, intrometendo-se entre o  homem e Deus. Seriam então dois tipos de orgulho: o orgulho humano e o orgulho das criaturas[12].
É preciso averiguar se o orgulho das criaturas que se interpõe entre o homem e Deus, trata-se apenas de uma metáfora ou se deve ser entendido literalmente. Conhecendo a linha de raciocínio do cartuxo anônimo, é possível supor que se trata de uma preposição que deve ser entendida não em sentido material, mas em sentido espiritual. Tomar um sentido por outro é justamente cair no engano a que caem os principiantes presunçosos, que se deixam levar pela curiosidade e pelo orgulho. O orgulho segundo o cartuxo desconhecido, está diretamente ligado à curiosidade[13].
Sobre a confusão no que concerne à compreensão correta das palavras, o autor torna a tratar no capítulo LII[14]. No capítulo LVI a erudição e o saber oriundo dos livros é entendido como um certo orgulho pelas especulações da inteligência natural[15]. No capítulo LVII o autor desconhecido torna a mencionar os enganos de quando se tem uma compreensão equivocada de certas expressões[16].


c.       Soberba: a vontade que afronta Deus

O orgulho é associado ao uso da vontade que deseja transgredir a lei divina. Agostinho mostra isto no episódio de sua adolescência, quando roubou peras, não por necessidade, beleza ou sabor, mas unicamente pelo prazer de roubar[17]. Segundo Vargas: “A única motivação de fundo para o roubo, portanto, era a transgressão da lei, o fazer valer a própria vontade por cima da vontade de Deus”  [18].
Por debaixo do pecado da soberba, estaria o desejo de poder, autossuficiência, autonomia e de independência de Deus.  No livro II, sobre a Alegria do Mal, Agostinho diz que o orgulho deseja o poder, o conhecimento e a busca por ser temido, porém, tais atributos pertencem somente a Deus[19].
A soberba se caracteriza pela comparação e competição. Afastando o homem de Deus e de seus semelhantes. Isto porque a soberba sendo extremamente competitiva coloca os homens uns contra os outros. O soberbo está sempre se comparando com os outros e buscando, sem medir os meios para ser o melhor, o mais rico, o mais habilidoso, inteligente, bem sucedido; custe o que custar - custe até mesmo o bem-estar do outro ou sua integridade ferida.
O soberbo é capaz de, por exemplo, cobiçar a mulher alheia não porque gosta dela, mas apenas para se sentir superior ao seu vizinho. Comprar algo não porque goste ou precise, mas para se sentir superior (novamente). É até mesmo, capaz de agir retamente, não por causa da ação em si, mas somente para arrogar-se um mérito e valor que o coloque acima dos demais homens. Daria esmola aos pobres, para poder olhá-lo com certo desdém. Por debaixo da soberba, está o germe da “rebeldia e desobediência que acompanhará a todo descumprimento do que Deus ordena” [20].
 Segundo C. S. Lewis
(...) o orgulho é essencialmente competitivo — por sua própria natureza -, ao passo que os outros vícios só o são acidentalmente, por assim dizer (...). Se todos fossem igualmente ricos, inteligentes e bonitos, não haveria do que se orgulhar. É a comparação que torna uma pessoa orgulhosa: o prazer de estar acima do restante dos seres. Eliminado o elemento de competição, o orgulho se vai. E por isso que eu disse que o orgulho ê essencialmente competitivo de uma forma que os outros vícios não são [21].
A soberba, segundo a tradição cristã, é representada fielmente, na figura de um certo anjo que, desejando o poder para ser autônomo e independente em relação a Deus, cometeu o primeiro ato que feriu a ordem justa e harmônica da criação[22]. Este anjo que escolheu desafiar a Deus, só o pôde fazer, por serem os anjos, assim como os homens, seres dotados de razão, por meio da qual, exprimem suas escolhas fazendo uso da vontade; esta, nunca constrangida, nem mesmo pela lei divina. Sempre livre para exercer suas funções de arbítrio[23].  
Outrossim, a soberba  se caracteriza pela instrumentalização de tudo que se encontra em seu entorno. O soberbo sempre busca servir-se de algo, alguém, ou defender-se de algo, alguém. Os frutos e o destino para o homem soberbo resultam em uma “amarga solidão, defendida às vezes encarniçadamente” [24].
Magrassi menciona os degraus da humildade na regra de São Bento, cap. VII, de onde se pode imaginar ser possível, investigando, traçar uma escala/degraus da soberba em contraposição a uma escala/degraus da humildade. Entretanto estes temas caberiam melhor em um trabalho à parte[25].

d.      A soberba do conhecimento
A fim de ilustrar a soberba, Agostinho lança mão primeiramente da seita dos maniqueus, a qual ele um dia pertencera.  Referindo-se a Manés, fundador do maniqueísmo como um homem orgulhoso e insensato, que era tanto mais ignorante em diversas matérias e que não possuía piedade[26].
Sobre os maniqueus, Agostinho afirma de que eles: “julgam-se tão altos e cintilantes como as estrelas”  [27].  Contudo, quando se refere a Fausto, bispo dos maniqueus[28], trata-o na conta de um homem modesto, que consegue distinguir entre aquilo que sabe e aquilo que não sabe: “a modéstia da alma que confessa sua incapacidade é mais bela que as coisas que eu desejava aprender”  [29].
De modo semelhante, o cartuxo também diz que muitas vezes a causa do orgulho é a falta de conhecimento. Ora, aquele que não sabe que lhe falta conhecimento, mas julga que conhece, se incha de orgulho[30]. Mais adiante, adverte também contra aqueles que, por causa do orgulho, especulações da inteligência natural e saber livresco, abandonam as doutrinas e diretrizes da Santa Igreja. Confiando nos próprios conhecimentos, desviam-se de uma “experiência humilde e cega” [31] e aderem a uma “falsa experiência”[32].
Outra forma de presunção oriunda do conhecimento reside em compreender em sentido material o que tem sentido espiritual. Assim, se alguém ouve a expressão “para o alto”, fixa os olhos nas estrelas, inclina para cima os ouvidos e interpola a imaginação em sentido equivocado, também.
Tais equívocos devem-se também da compreensão equivocada sobre personagens bíblicas como “Santo Estevão que viu o Senhor de pé, no Paraíso” [33] e Cristo, que ascendeu ao Céu sendo visto por seus discípulos enquanto subia[34]. Pois, no tocante ao conhecimento, ensina o autor: aquilo que se pode saber de mais profundo sobre Deus é justamente uma certa forma de saber que sabe não sabendo, por meio da ignorância mesma[35]. Se se adotar esta postura, o cristão obtém humildade, combatendo em si, o orgulho e soberba.
A soberba do conhecimento, para o bispo de Hipona, se alimenta também de um certo erro na compreensão, no conhecimento que a criatura pode ter de si mesma e de Deus. No que se refere ao conhecimento de Deus, a razão se recusaria a conhecê-lO, limitando-se a conhecer apenas o que é sensível, e, no que se refere ao conhecimento de si, a razão não reconheceria a condição de pecado em que a criatura humana se encontra. Mais uma vez, consta de que o pecado da soberba arroga para si o conhecimento[36].
Em falando dos orgulhosos, Agostinho fala também contra os neoplatônicos, que pretendem unir-se ao Uno por meio de uma vontade voluntária, sem reconhecer a necessidade da ajuda da graça e do reconhecimento de Cristo como mediador e salvador dos homens[37].  
Mencionando novamente a passagem bíblica onde Jesus exorta a que os atribulados coloquem seu fardo sobre Seus ombro, a fim de que Ele os alivie - Ele, que é manso e humilde de coração. Menciona ainda, de maneira implícita a carta aos romanos onde o apóstolo condena os gentios por terem feito para si ídolos para os adorar, desviando-se do verdadeiro Deus e que “dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”  [38].
Segundo o bispo de Hipona, tudo que está contido nos livros platônicos também o está nas Escrituras. A diferença radical é de que os livros platônicos arrogam para si os méritos todo o conhecimento, não reconhecendo que tudo é dado por Deus[39]. Tais livros, portanto, não podem ensinar a humilde piedade[40],
            Para ilustrar a soberba, Agostinho não se utiliza somente dos neoplatônicos que pretendiam unir-se ao Uno mediante uma vontade deliberada, mas também aponta para os egípcios, que fizeram para si deuses com formas de criaturas e, ao invés de adorar o Criador, idolatraram as criaturas[41]
            A diferença entre presunção e humildade, consiste no fato de que o presunçoso não enxerga por onde caminha nem qual caminho conduz à Pátria bem-aventurada, ao passo que o humilde, enxerga e sabe por onde e como Nela chegar[42].


HUMILDADE

a.      O Conceito de Humildade na obra Confissões

No capítulo nono do livro sétimo das Confissões, Agostinho cita diversas passagens das Escrituras sobre humildade. A primeira menção à humildade se encontra na epístola de Tiago 4;6 e na primeira epístola de Pedro 5;5 segundo a tradução de João Ferreira de Almeida, onde o texto sagrado  afirma que Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.[43] A segunda menção diz respeito ao evangelho de São João, onde o evangelista interpreta o evento da encarnação como ato de humildade, ao dizer que o Verbo se fez carne e habitou entre os homens[44]. E, a terceira menção e ilustração de humildade se encontra na carta aos filipenses 2; 6-11[45]
            Em seguida, Agostinho cita um salmo de Davi, onde está escrito de que Deus não poupou nem mesmo seu único filho, antes o entregou por todos os homens. Menciona ainda, o episódio bíblico em que Jesus deu graças a Deus por ocultar Sua revelação aos sábios e eruditos deste mundo, a fim de revelá-la aos pequeninos e humildes[46]. Para que pudessem Dele se achegar todos atribulados, prometendo-lhes alivio, Ele, que é manso e humilde de coração[47].
            Finamente menciona a carta aos romanos, onde Paulo roga a Deus que perdoe os pecados da comunidade cristã residente em Roma, tendo por conta o trabalho e a humildade de seus membros[48].  

           
b.          O Conceito de Humildade em A Nuvem do Não-Saber

O cartuxo anônimo inicia falando de humildade, mais robustamente, no capítulo segundo de A Nuvem, na tentativa de mostrar ao jovem discípulo a maneira pela qual se adquire e se a conserva a humildade[49].
No capítulo doze, o autor desconhecido exorta a que se escolham entre duas virtudes, das quais uma, seria a humildade. Ressaltando que as possuindo, nada mais faltaria[50]. No capítulo XIII, o autor lança mão de uma definição pormenorizada do conceito de humildade e distingue entre duas espécies de humildade. Todavia, falarei disto em momento oportuno no decorrer deste trabalho[51].
No capítulo quatorze continua tratando do tema anterior. O capítulo quinze por sua vez, ensina de como alcançar a humildade considerada a do tipo perfeita. Não obstante, haveria ainda uma humildade dada gratuitamente por Deus (vide o caso daqueles que nunca pecaram e foram exemplos de humildade) [52].
No capítulo cinquenta e dois, o cartuxo desconhecido trata da extremidade oposta à virtude da humildade, qual seja: o pecado da presunção. Advertindo contra os perigos deste[53].  Torna a tratar disto no capítulo LVII[54] e ainda, dá outro exemplo de humildade segundo as Escrituras[55].


c.       As duas naturezas de Cristo: Majestosa e Humilde

A tradição cristã que prevalece com Agostinho apresenta duas naturezas em Cristo: a natureza divina e a natureza humana. Cristo é Deus, mas também é homem, filho e servo. Nesta segunda forma ou natureza, Cristo se faz semelhante a nós.  No que concerne à natureza divina, Cristo se iguala a Deus, por ser o Verbo pelo qual tudo foi criado. No que concerne à natureza humana e servil, Cristo se iguala a nós, pela sua carne. E, se o por um lado o Verbo se fez humilde ao encarnar na forma humana, por outro lado, diz Agostinho, que não há nada mais simples do que Deus[56]. E, ainda, tratando de simplicidade, Agostinho afirma em outro trecho das Confissões, de que as Escrituras possuem um estilo de escrita simplíssimo, atraindo “multidões no regaço da santa humildade [de Deus]” [57].
A segunda forma ou natureza, que se identifica com a forma divina de Cristo, ficaria sujeita à primeira, ou seja, o filho se sujeita ao Pai (na Trindade)[58]. Neste sentido, a humildade consiste na razão que se humilha, sujeitando-se e sendo auxiliada pela revelação.
A humildade seria ilustrada mesmo, pelo exemplo de Cristo, que sendo igual a Deus, rebaixou-se, encarnando na forma humana a fim de dar-lhes redenção.  Como afirma Vargas: “Toda encarnação é uma revelação da humildade de Deus”  [59]. Ou como diz Agostinho no livro IV das Confissões: “Ele, nossa vida, desceu até nós”  [60].
Na primeira forma, na forma divina, Cristo realiza os milagres registrados nas Escrituras, como por exemplo, quando transformou a água em vinho nas bodas de Canaã (Jô 2,1-11). Já na segunda forma, a forma humana, Cristo sofre, se cansa e sentea fome. 
É somente porque Cristo se rebaixou e assumiu a forma humana, sofrendo todas as consequências da mesma, que ele pôde redimir a humanidade. Nisto, consiste a humildade de Cristo, segundo Santo Agostinho[61].


d.      O que é a humildade e dos meios de alcançá-la

A humildade consiste na falta de espírito de competição e de vangloria. Para Agostinho, a humildade cristã se encontra em oposição à soberba dos neoplatônicos, justamente por que estes julgavam conhecer tantas coisas, porém desconheciam por completo o mistério da encarnação[62]. Tornar-se humilde é antes de qualquer coisa, reconhecer a encarnação do Verbo, tal como ensina o cartuxo:
Devias ser tanto mais humilde e afetuoso para com o teu esposo espiritual, quanto é certo que Ele- o Deus todo-poderoso, Rei dos reis e Senhor dos senhores!- resolveu humilhar-se para descer ao teu nível, graciosamente te quis escolher dentre as ovelhas do seu rebanho, para seres um dos seus amigos especiais[63].
Em reconhecendo depois, a própria condição em que o homem se encontra, qual seja: condição de pecado[64]. Segundo Santo Agostinho, o pecado está em “falar, agir ou desejar contra a lei eterna” [65]. O pecado é sempre um delito sob o qual Deus confere um juízo[66]. Portanto, o homem humilde é aquele que reconhece em suas práticas, a transgressão da lei e confessa a Deus os seus pecados. Reconhecendo sua fraqueza e pobreza. Como diz Vargas: “tal reconhecimento da condição de pecador só é possível por meio da humildade; a confissão é a primeira manifestação e um primeiro passo no caminho da humildade” [67].
Um exemplo de humildade, segundo Agostinho, seria o de Fausto, o bispo dos maniqueus, que sendo arguido sobre assuntos que não se sentia capacitado a responder, admitiu tal incapacidade. Cito-o no item d sobre a soberba.
Humilde seria também aquele que sem pretensão alguma, aceita Cristo como mediador entre Deus e os homens[68]. O homem não deveria jamais ser soberbo, arrogando a si mesmo os méritos por chegar até Deus, antes, deveria seguir o exemplo de Cristo, que sendo igual a Deus tornou-se coparticipante da condição pecadora do homem ou, para usar uma expressão agostiniana, coparticipante “da túnica da nossa carne”  [69].
O pecado, embora não prejudique a Deus, por estar Ele tão acima, no alto, sempre prejudica aquele que o comete. Ao contrário do pecado, fruto do orgulho individual, “É pela piedade humilde que se vai até Vós, para purificardes os nossos maus hábitos” [70]. Nas palavras de Vargas: “assim como a soberba leva o homem a ter um coração altaneiro, que se crê capaz de ser justo por força própria, a humildade, ao contrário, o leva a ter um coração que se rebaixa pela contrição” [71].
A humildade aproxima o homem de Deus, sendo o remédio mesmo, que cura a soberba humana. Cristo é, pois, “o Médico Humilde” [72]. A soberba, portanto, seria oriunda de Adão e a humildade, de Cristo[73]. Aquela, o principio da exterioridade, esta, da interioridade[74].
Outrossim, em A Nuvem do Não-Saber, humilde é o homem que reconhece a condição miserável na qual se encontra, simplesmente pelo fato de existir. Como ensina o cartuxo anônimo: “Quem sente maior desgosto é quem está consciente de existir. Qualquer outro sofrimento, comparado com a consciência de existir, é como uma brincadeira de crianças”  [75]. A condição humana para o cartuxo desconhecido é pois, pecado, e a humildade está em reconhecer esta fétida condição. Como admoesta o cartuxo:
A humildade nada mais é do que a verdadeira consciência de nós mesmos tal como somos. Não há duvida: quem fosse capaz de se ver e sentir a si próprio tal como é, seria verdadeiramente humilde. E são duas as causas da humildade: uma é a impureza, miséria e fragilidade do ser humano, em que ele caiu pelo pecado (esta sempre há-de sentir em certo grau, enquanto permanecer nesta vida, por mais santo que seja); outra é a excelência de Deus em si mesmo e seu amor superabundante[76].
Gilson define humildade como sendo “o reconhecimento da soberania divina e a dependência absoluta das criaturas[77]”. Para o cartuxo, haveria dois tipos de humildade: a perfeita e a imperfeita.
Aquela, quando causada por Deus mesmo e esta, quando causada por outra coisa que não apenas Deus. A primeira seria perfeita, pois duraria por toda eternidade, ao passo que a segunda, imperfeita, pois termina ao cabo desta vida terrena. Ainda assim, adverte o cartuxo, que mesmo quando imperfeita, a humildade deve ser exercida, pois é boa (embora não tão boa quanto a que é perfeita)[78].
O cartuxo anônimo aconselha o discípulo a prestar atenção àquilo que não tem, ao invés de voltar a atenção àquilo que tem, a fim de manter-se humilde[79]. Seria impossível conservar a humildade perfeita sem a outra, a imperfeita[80].  Humilde é também o discípulo que ouvindo o diretor espiritual, o obedece, bem como obedece as normas da Santa Igreja e o diretor espiritual[81]. Assim, evitando muitos enganos.
Sobre isto, adverte o cartuxo anônimo: “E se não se acautelar [contra os enganos] logo de início, de modo que a graça de Deus o faça parar e submeter-se humildemente à direção espiritual (...)” [82]. E ainda:
(...) podemos considerar-nos também nós dois, se o nosso diretor espiritual e a nossa consciência atestam que tomamos licitamente a devida emenda, pela contrição, confissão e satisfação das nossas faltas, segundo os estatutos e normas da Santa Igreja (...) [83].
Ademais, existe um modo muitíssimo mais eficaz de se alcançar a perfeita humildade que não seja a recordação das faltas e pecados passados. Qual seja: a perfeita humildade advinda da graça mesma, sem mérito algum de nossa parte.  É assim que se justifica a perfeita humildade dos santos, como Cristo, Maria e também dos anjos[84]. Vale frisar que tanto para o monge cartuxo como para Agostinho, recordar as faltas passadas, é um modo de se achegar a Deus. Muito embora um modo ainda imperfeito, pois baseado no esforço e mérito pessoal ao invés de na graça imerecida de Deus [85].
Há ainda outro exemplo de humildade mencionado pelo cartuxo anônimo, que não é Cristo, mas Beseleel. Beseleel, que não pôde ver a Arca senão após construí-la com o próprio esforço. Identificando-se com a personagem, o cartuxo diz ao jovem discípulo que a exemplo de Beseleel, ele (o cartuxo) está ensinando o caminho de contemplação e humildade de Cristo, muito embora o jovem discípulo o possa percorrer e trabalhar nele com muito mais mérito que o próprio cartuxo anônimo[86].


CONCLUSÃO

Tanto nas Confissões de Agostinho, como em A Nuvem, de um autor desconhecido, a soberba é tida como um pecado a se evitar, sendo seu contraponto, a humildade, uma virtude a se buscar. Não é ignorada a noção medieval de que a soberba consiste no maior de todos os sete pecados ditos, capitais, que compõem todo o imaginário medieval[87]. Muitos pensadores falam disto, inclusive Santo Agostinho em uma de suas obras o diz explicitamente[88].
Em contraposição ao pecado da soberba, e na extremidade oposta, se encontra a humildade. Uma virtude a ser buscada e talvez a maior de todas as virtudes cristãs. A humildade colocaria o homem em sua justa posição em relação ao cosmo, em relação ao seu semelhante e em relação a Deus. A soberba, por seu turno, retiraria o homem de sua adequada posição frente ao cosmo, ao seu semelhante e a Deus, colocando-o equivocadamente, acima de todas as coisas[89].
A humildade consiste em o homem saber com justeza o lugar que ocupa no universo criado, qual seja: abaixo de Deus e dos anjos, acima dos animais e vegetais e em pé de igualdade com os demais homens. Mas mesmo se o homem, por exemplo, se puser abaixo dos animais ou vegetais, segundo a ordenação do universo estabelecida por toda a tradição cristã, tal homem não está sendo humilde, mas pecando. Pois a humildade não está em ser menor, e sim, em saber com justeza aquilo que se é[90].
A soberba ao contrário da humildade, consiste em o homem não saber o lugar que ocupa no universo criado, arrogando para si próprio um lugar que não é seu. Não respeitando a ordem criada, pondo-se acima dos anjos ou de Deus[91].


            BIBLIOGRAFIA

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VILLER, M. et al. Dictionnaire de Spiritualité. Paris: Beauchesne, 1953.







[1] Mestrando em filosofia pela PUC-SP.
[2] Cf. ANÔNIMO DO SÉCULO XIV. A Nuvem do Não-Saber, Trad. D. Lino Correia Marques de Miranda Moreira. Petrópolis: Ed. vozes, 2008, cap. X, p 58.
A partir deste ponto, toda vez em que for mencionada esta obra, usarei a abreviatura: A Nuvem.
[3] MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 979.
[4] Cf. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Bosi, Alfredo e Benedetti, Ivone Castilho. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 520; Cf. Confissões,, livro VII,  p. 167.
[5] Cf. MAGRASSI, M. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 513.
[6] Segundo Majorano “Na linguagem corrente, o orgulho é identificado com a soberba, assumindo conotação ética particularmente negativa” (MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 807).
[7] Cf. AGOSTINHO. Confissões. 11 ed. Porto: Ed. Livraria Apostolado Imprensa, sem data, livro X, p. 281.
A partir deste ponto, toda vez em que for mencionada esta obra, usarei a abreviatura: Confissões.
[8] Cf. Confissões, livro X, p. 282-284.
[9] Cf. Confissões, livro X, p. 285.
[10] Cf. Confissões, livro X, p. 285.
[11] Cf. Confissões, livro I, p. 39-40.
[12] Cf. A Nuvem, cap. XXVIII, p. 93-94.
[13] Cf. A Nuvem, cap. XLV,, p. 125.
[14] Cf. A Nuvem, cap. LII, p. 140-141.
[15] Cf. A Nuvem, cap. LVI, p. 149.
[16] Cf. A Nuvem, cap. LVII, p. 151-152.
[17] Cf. Confissões, livro II, p. 58.
[18] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 174.
No Diálogo sobre o Livre-Arbítrio, Agostinho diz expressamente: “O inicio do pecado é a soberba e o inicio da soberba é afastar-se de Deus” (AGOSTINHO. O Livre-Arbítrio. Trad., int. e notas Antônio Soares Pinheiro. 3º Ed. Braga, 1998, p. 265).
[19] Cf. Confissões, livro II, p. 61.
[20] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 186.
[21] LEWIS, C.S. Cristianismo Puro e Simples. Trad. Álvaro Oppermann e Marcelo Brandão Cipolia. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 45.
[22] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 187.
[23] Cf. GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 367-368.
[24] MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 980.
[25] Cf. MAGRASSI, M. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 513.
[26] Cf. Confissões, livro V, p. 114.
[27] Confissões, livro V, p. 112.
[28] Cf. Confissões, livro V, p. 111.
[29] Confissões, livro V, p.117.
Segundo Gilson, ser cristão nos primeiros séculos “era essencialmente manter-se a uma justa distância entre Manés, que negava a bondade radical da natureza, e Pelágio, que negava, juntamente com os ferimentos que ela recebera, a necessidade da graça para curá-la” (GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 514).
[30] Cf. A Nuvem, cap. XIV, p. 65. O autor fala aqui sobre o conhecimento acerca do que seria a humildade perfeita.
[31]  A Nuvem, cap. LVI, p. 149.
[32] Ibid.
[33] A Nuvem, cap. LVII, p. 152.
[34] Ibid.
[35] Cf. A Nuvem, cap. LXX, p.178; Cf. DIONÍSIO, PSEUDO-AREOPAGITA. Los nombres de Dieu. In: Idem, Obras Completas. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1996, p. 339.
[36] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 195-196.
[37] Cf. Confissões, livro VII, p.168.
[38]  Na tradução de João Ferreira de Almeida, a citação encontra-se em I aos Romanos, 22; nas Confissões, o tradutor ressalta a passagem no corpo do texto, mas não indica nota em rodapé. Ver também: A Nuvem, cap. XIII, p. 62, onde o autor menciona a mesma passagem só que em contexto diverso. Enquanto Agostinho o faz por causa dos ídolos em oposição ao verdadeiro Deus, o cartuxo o faz por conta do amor superabundante de Deus e da débil condição humana.
[39] Cf. Confissões, livro VII, P.179-181.
[40] Utilizei o adjetivo humilde para piedade, pois embora Agostinho não o empregue, é notório que o fundamento da piedade seria uma disposição humilde. A disposição para a humildade viria primeiro, e dela, nasceria (depois), a piedade.
[41] Cf. Confissões, livro VII, p. 169-170.
[42] Cf. Confissões, livro VII, p. 179.
[43] Cf. Confissões, livro VII, X, p. 167, 281; BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993, p. 265, 271.
Toda vez que for citada uma passagem bíblica estaremos utilizando a versão revista e corrigida por João Ferreira de Almeida, embora Agostinho provavelmente tenha lido a Vulgata Latina.
[44] Cf. Confissões, livro VII, p. 167; BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993, p. 105.
[45] Cf. Confissões, livro VII, p. 168; BÍBLIA SAGRADA. Trad. João Ferreira de Almeida, Revista e corrigida. 76 ed. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993, p.228.
[46] Mt 11;25.
[47] Cf. Confissões, livro VII, p. 168; Mt 11; 29.
[48] Cf. Confissões, livro VII, p. 168.
[49] Cf. A Nuvem, cap. II, p. 35
[50] Cf. A Nuvem, cap. XII, p. 61. As virtudes são a caridade e a humildade.
[51] Cf. A Nuvem, cap. XIII, p. 62.
[52] Cf. A Nuvem, cap. XV, p. 66-67.
[53] Cf. A Nuvem, cap. LII, p 140.
[54] Ibid., cap. LVII, p. 151.
[55] Cf. A Nuvem, cap.LXXIII, p. 182-183.
[56] Cf. Confissões, livro II, p. 61. Por simples, entenda-se também, humilde.
[57] Confissões, livro VI, p.138.
[58] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 211.
[59] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 226.
[60] Confissões, livro VII, 9, livro IV, p. 99: “Et descendit huc ipsa vita nostra”.
[61] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011,, p. 212.
[62]Cf. ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Trad. Bosi, Alfredo e Benedetti, Ivone Castilho. São Paulo: Martins Fontes, 2000, p. 520; Cf. Confissões, livro VII, p. 167.
[63] A Nuvem, cap. II, p. 35.
[64] Em oposição ao humilde, “Para o orgulhoso, é particularmente difícil reconhecer-se pecador (...)” (MAJORANO, S. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 808).
[65] “Ergo pecatorum est, factum vel dictum vel concupitum aliquid contra aeternam legem” (AGOSTINHO, Cont. Faustum Manich, XXII, 27, PL, tomo 42, col 418).
[66] Cf. Confissões, livro X, p. 242.
[67] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 256.
[68] Cf. Confissões, livro VII, p. 176.
[69] Confissões, livro VII, p. 177.
[70] Confissões, livro III, p. 80-81: “Pietati humili reditur in te, et purgas nos a consuedutine mala et propitius es peccatis confidentium”.
[71] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 257.
[72] VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 257.
[73] Ver o capítulo intitulado, Soberba: a vontade que afronta Deus, neste trabalho.
[74] Cf. VARGAS, Walterson José. Soberba e Humildade em Agostinho de Hipona.  Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2011, p. 268-269.
[75] A Nuvem, cap. XLIV, p. 123.
[76] A Nuvem, cap. XIII, p. 62.
[77] GILSON, Étienne. O Espírito da Filosofia Medieval. Trad. Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 476.
[78] Cf. A Nuvem, cap. XIII, p. 63.
[79]  Cf. A Nuvem, cap. II, p. 35.
[80] Cf. A Nuvem, cap. XIV, p. 64.
[81] Cf. OCCHIALINI, U. Direção Espiritual. In: BORRIELLO, L. e outros. Dicionário de Mística. São Paulo: Paulus: Edições Loyola, 2003, p. 332.
[82] Cf. A Nuvem, cap. XLV, p. 125.                                                                                                         
[83] A Nuvem, cap. XV, p. 66. As expressões contrição, confissão, faltas, sugerem/apontam para a humildade, embora o autor não empregue o termo propriamente neste trecho.
[84] Cf. A Nuvem, cap. XV, p. 67.
[85] Cf. Confissões, livro II, p.53; Cf. A Nuvem, cap. XV, p. 66.
[86] Cf. A Nuvem, cap. LXXIII, p. 182-183.
[87] Colocar referência.
[88] Cf. AGOSTINHO. O Livre-Arbítrio. Trad., int. e notas Antonio Soares Pinheiro. 3º ed. Publicações da Faculdade de Filosofia da UCP: Braga, 1998, p. 265.
[89] Inserir referência.
[90] Inserir referência.
[91] Colocar referência.

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